domingo, 16 de junho de 2013

Pauta de reivindicações dos professores ou do sindicato? Parte II, ou A pauta de D. Margarida

Após reler a pauta de reivindicações no site do sindicato com calma e atenção, posso dizer que a pauta é excelente. Extensa demais, mas excelente. A crítica que faço é que a principal questão se perde no meio de tantas outras.

Para d. Margarida a questão primordial é o aumento salarial. A pauta de reivindicações de d. Margarida se resume basicamente à luta por um salário digno. Não existe, nem nunca existirá Educação de qualidade sem a valorização do professor. E valorização significa aumento de salário.

Agora, "salário digno" pode ser interpretado de várias formas. Para o governo, nós ganhamos acima do "piso". O sindicato, por sua vez, construiu essa pauta quilométrica de reivindicações talvez pra esconder a questão principal. O sindicato ainda espera ressucitar o "piso salarial profissional nacional". Quem sou eu para agourar a fé do sindicato? Mesmo porque trata-se apenas de uma questão de fé,  já que politicamente o "piso" é uma ilusão.

Preste bem atenção ao que vou lhe dizer, caro colega. A luta pelo "piso salarial profissional nacional" é  uma luta insana. O que a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Ensino (CNTE) quer é que os governos estaduais abram mão da autonomia de decisão sobre a política salarial para o magistério em seus estados. O sindicato quer  que os governadores simplesmente obedeçam ao governo federal. No fundo, no fundo é uma briga mesquinha entre PT e PSDB, entre o PT e outros partidos. Não rola de ficar no meio disso esperando uma decisão judicial que pode demorar décadas.

Digo e repito: a população não entende nada de "piso". Melhor seria se falássemos a língua que o povo entende: salário mínimo. Dessa forma, talvez, poderíamos causar algum estrago na imagem de alguns futuros candidatos das próximas eleições. Dessa forma, talvez, poderíamos conseguir algum resultado, alguma merreca de aumento. Talvez os governos estaduais até aceitem conceder o "piso" em troca de alguma coisa como, por exemplo, em troca da renegociação das dívidas dos estados com a união. O que quero dizer é o seguinte: política no Brasil é a arte da barganha. Ninguém está preocupado em oferecer saúde e educação de qualidade para o povo. Se vier o "piso" será em troca de alguma coisa. Alguma coisa grande. Não se iluda, caro colega.

Enquanto "seu piso" não vem, a pauta prioritária de d. Margarida é a seguinte:

a) Aumento salarial de 100%, o que equivale a um vencimento básico de quatro salários mínimos por cargo.

b) Revisão e correção imediatas do posicionamento dos professores na famigerada tabela do subsídio, respeitando-se tempo de serviço, grau de escolaridade e a devida correção salarial em função disso. Fim do congelamento dos salários.

c) Férias prêmio para todos. Se o sujeito tem 1 ano de férias prêmio acumuladas para gozar, que seja dado a ele a opção de gozar os 12 meses ininterruptamente. O que o estado faz é picar as férias prêmio do servidor e os alunos é que sofrem, pois têm que se submeter a trocas constantes de professores. Coisa mais antipedagógica!

d) Pagamento de adicional de periculosidade para profissionais que atuam em áreas de risco.

e) Aumento do percentual de progressão vertical na carreira em função da escolaridade e imediata aceitação da promoção por escolaridade em todas as situações funcionais. Hoje, o professor que gastou 5 mil reais para fazer uma especialização só vai conseguir recuperar o investimento em 5 anos, no mínimo.

Bom, só isso já é muito difícil de conseguir. Quase impossível. Mas como bons idealistas que somos (senão não seríamos professores) espero que um dia possamos ser considerados parte da sociedade. Porque até agora somos profissionais marginalizados do ponto de vista salarial.

Força na peruca! A luta continua!

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