domingo, 31 de março de 2013

Esmola de produtividade

Eu disse, não disse? Eu disse. R$ 735,00 (setecentos e trinta e cinco reais) foi o valor que recebi como prêmio de produtividade. Nem mil reais! Nem milzinho!

É ou não é uma esmola, caro colega? Ai, que depressão!

terça-feira, 26 de março de 2013

Prêmio de produtividade ou esmola de produtividade?

No Reino da Província, o príncipe maquiavélico instituiu um prêmio de produtividade. Alguns o chamam de 14º salário. Na verdade é uma esmola. Serve pra enganar os trouxas que acham que governos no Brasil são bons.

Dois salários mínimos. Mil e duzentos reais (valor líquido) é quanto ganha um professor da rede pública estadual em Minas Gerais. A esmola de produtividade, este ano, será igual a 80% do valor do salário. Uma merreca.

Sabe o que eu queria, caro colega? Eu queria que fosse instituído um prêmio por assiduidade equivalente a duas vezes, pelo menos, o valor do salário. (Uma merreca também!) Você seria premiado? Eu seria, pois aos trancos e barrancos, consigo ser assídua. Gostaria de ser premiada pelo meu esforço de suportar o ambiente escolar sem fraquejar. (Mentira: eu fraquejo, surto, brigo...mas vou. Me arrastando, mas vou).

A verdade é que nesses mais de dez anos de magistério, tirei licença médica pouquíssimas vezes. As poucas vezes foram por motivos psiquiátricos:

- O que está acontecendo? - perguntou o médico.

- Não sei, doutor. Só sei que sinto ódio da diretora, ódio da supervisora, ódio de ter que ir à escola., ódio...

Ganhei 20 dias de licença. E isso foi há muito tempo.

Bom, que venha a esmola de produtividade. Vou pagar o meu cartão de crédito atrasado que o salário de fevereiro não deu pra pagar. O que sobrar, se sobrar, vou comprar um bom pedaço de bacalhau e ovos de páscoa. Chocolate, quando consumido com moderação, é ótimo pra evitar a depressão.

Feliz Páscoa, caro colega!

quarta-feira, 20 de março de 2013

Professores que piram (3)

Aconteceu em outra escola e deu na "rádio corredor", a preferida dos funcionários públicos.

A professora novata, ainda em estágio probatório, começou a surtar. Sem a experiência necessária para manter o controle da turminha de inocentes crianças de dez anos, e abandonada por quem deveria lhe apoiar (as especialistas), a pobre passou do carinho das inciantes ao ódio das deprimidas em menos de dois anos de magistério. Não era vocacionada. Tratava os alunos com rispidez e autoritarismo na ânsia de recuperar a disciplina perdida. As crianças logo passaram a odiá-la.

Um menino muito mimado era um que pintava e bordava em sala só pra irritar ainda mais a coitada. A professora, completamente bipolar, ameaçou espancá-lo. O menino contou para a mãe. A mãe foi tirar satisfações com a professora. A diretora, que já tinha conhecimento dos problemas da professora, chamou-a e aconselhou-a a mudar de atitude, a buscar ajuda, a tirar uma licença médica.

Mas a professora já estava tomada pela insanidade. Armada com uma pistola de cola quente, tocaiou o aluno na saída do banheiro. Assim que o viu, aproximou-se e encarou-o com fúria nos olhos:

- Olha aqui, pirralho - disse, mostrando a arma ao menino - se você falar mais alguma coisa pra sua mãe ou pra qualquer pessoa da escola, eu colo a sua boca! Você não me conhece! - ameaçou.

Crianças-mimadas-pelas-mães não têm medo de ninguém. A professora foi exonerada do cargo antes mesmo de se tornar efetiva.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Habemus computador e maçaneta

Esta semana apareceu um computador na sala dos professores. Um fenômeno. É segunda vez que isso ocorre. A primeira foi em 2006. Depois sofremos uma reforma do prédio e os computadores desapareceram. Agora, após quatro anos da conclusão da reforma, para espanto dos céticos, um novo computador foi instalado na sala dos professores para nos salvar do tédio dos recreios.

E para completar, como não poderia deixar de ser, uma maçaneta também foi instalada. Durante dois anos ou mais, só conseguíamos abrir a porta da sala dos professores com uma tesourinha. Se temos um computador, temos que ter também uma maçaneta.

Acho que estamos evoluindo.

domingo, 10 de março de 2013

D. Margarida, a possessiva

Este ano briguei para ser novamente a professora dos meus pequenos do ano passado. Você se lembra, caro colega, daqueles estudantes que quase me enlouqueceram em 2012? Pois este ano fiz questão de tê-los como meus aluninhos queridos.

Sou muito possessiva. Não gosto da ideia de entregar meus meninos para qualquer professor designado que nunca vi antes. Sou uma galinha choca. Gosto de ter meus alunos debaixo das asas. E já que tenho direitos de escolha por ter mais tempo na escola, exigi que todos os sétimos anos fossem meus.

Sei que vou sofrer. Talvez tenha que recorrer a remedinhos tarja preta. Para além das instalações da escola, a cada dia mais vandalizadas, estou feliz da vida. Já conheço os meninos, sei os seus nomes, tenho consciência das suas dificuldades. Por enquanto está tudo bem.

terça-feira, 5 de março de 2013

Todo ano é a mesma coisa

Faz um mês que o ano letivo de 2013 começou e os horários ainda não estão prontos; as listas de chamadas são provisórias; a enturmação continua a ser feita; os livros didáticos não foram distribuídos; as vagas pra professores designados não foram totalmente preenchidas; os alunos continuam a sair mais cedo; as aulas nunca começam no horário; e a distribuição de turmas/aulas ainda não foi fechada.

Todo ano é a mesma coisa.