terça-feira, 18 de novembro de 2014

E o dinheiro do pré-sal para a Educação?

 Dilma ganhou, mas quem está feliz é Aécio: pouca responsabilidade e muito poder.

As petrorroubalheiras são um pesadelo. Penso nos bilhões de reais desviados ao mesmo tempo em que penso no nosso prêmio de produtividade que não deve comparecer no fim do ano. Para esclarecer meu caro colega estrangeiro, o "prêmio de produtividade" é uma espécie de 14º salário. Um dinheiro extra anual que o governo estadual pagava, mas nos últimos anos vem atrasando, atrasando (e não pagando), para ver se o funcionalismo público esquece e desiste. Então penso nos bilhões das petrorroubalheiras. Imagina com o pré-sal a todo vapor! Professor não vai nem ver a cor desse pré-sal. Ou o PT acha que as grandes empreiteiras irão mudar as relações econômicas que mantêm com o Estado brasileiro, há décadas, por causa de uma dúzia de prisões? Quero só ver. Uma coisa é encarcerar dono de DNA e Banco Rural. Outra coisa é encarcerar os verdadeiros donos do Brasil. O grande poder econômico do país. Quero só ver. Torço para que a Justiça não se venda por milhões em paraísos fiscais. Torço para a operação Lava Jato dar certo porque quero o dinheiro do pré-sal para mim, para aumentar o meu salário subnutrido e subdesenvolvido, tal e qual a Dilma prometeu. Torço para ver todos os corruptos e corruptores na cadeia. De verdade. Mas não vai ser fácil.

No mais tudo continua como sempre foi ou talvez um pouco pior. A evasão na minha escola está batendo recordes de 60%. Penso em dar nota máxima para todos aqueles que resistirem até o fim do ano e continuarem a frequentar as aulas. Aplicarei as avaliações normalmente. Vou corrigi-las, somar as notas e comunicá-las aos alunos. Meu plano secreto é, independentemente dos resultados reais, dar 25 pontos para todos. Isso não é ruim nem antiético. Considero uma medida de emergência para combater a evasão. Pobre escola pública! Com a grana do preço de um rolex já dava para dar um jeito na sala de informática que não funciona. Se a sala de informática funcionasse, talvez a evasão não fosse tão violenta.

domingo, 26 de outubro de 2014

O Dia D da Decisão

Olá, caro colega! Há quanto tempo!

Sei que sumi por uns tempos, mas a regra é essa: quando entro em férias, o blog também entra. Não que não sinta vontade de postar uma coisinha ou outra. Sempre penso em alguns assuntos. Ainda mais em tempo de eleições quando os nervos políticos dos mais radicais estão à flor da pele. Mas o fato é que, nos últimos meses, outras escrituras demandaram minha atenção (tenho que dar um jeito na vida; não posso ficar esperando o pré-sal para ver a cor do meu salário realçada). Outro motivo é que o acirramento da baixaria presente na campanha presidencial tem me deixado emocionalmente desequilibrada, e receio me arrepender por tons de ódio e intolerância que talvez eu possa imprimir nos textos. Uma razão para não direcionar o blog para uma discussão meramente eleitoral é que o objetivo deste blog é discutir a Educação. Este blog é temático.

Penso nos meus caros colegas estrangeiros que acessam o blog. Talvez para eles seja interessante uma visão de dentro do monstro para que  possam se inteirar da situação brasileira nesse momento crucial da sua história. Se é que a situação política brasileira lhes interessa...

Sempre fui PT. A minha vida inteira. Contribui, dentro dos meus limites, na época, para fundar o partido. Sempre votei no PT. Sempre acreditei na vertente trabalhista como possibilidade de um país socialmente mais justo. Fiquei feliz demais quando Lula ganhou a presidência, em 2002. Meu coração se encheu de esperança. Esperanças em parte diluídas devido ao escândalo do Mensalão. Esclareço que não assisti às notícias recortadas pelos jornais e telejornais na época. Assisti à novela do Mensalão pela transmissão oficial dos depoimentos ao vivo através da TV Senado. Eu vi todos os depoimentos de todos os envolvidos. Eu vi a CPI na íntegra. Foi uma decepção. A melhor definição do Mensalão que ouvi foi a do Olívio Dutra dizendo que o PT estava pagando pelas más companhias. Mas a verdade era que existiam (e ainda existem) maçãs podres dentro do PT também.

Não obstante o Mensalão, Lula foi um excelente presidente. Ele cumpriu o que prometeu. A desigualdade social declinou; a fome diminuiu; o salário mínimo ganhou poder de compra; os pobres passaram a ter direito ao crédito; o desemprego foi combatido; uma "reforma universitária" passou a oferecer mais chances de ingresso no ensino superior; a inflação foi controlada; o agronegócio bombou; as exportações de comodities dispararam; o Brasil cresceu, não só economicamente, mas também em autoestima.

Muitos dizem que a corrupção aumentou durante o governo do PT. Este é um argumento forte da oposição. Pena que a Dilma não tenha nenhum historiador como assessor direto. No futuro, os historiadores que se dedicarem a estudar o lulismo irão dizer que foi durante o governo petista que o crime do colarinho branco passou a ser combatido com eficiência e noticiado nos jornais. A verdade é que a Polícia Federal deitou e rolou nos últimos 12 anos. Paradoxalmente, é exatamente por causa dessa publicidade e do aumento da autonomia da PF que temos a impressão de que a corrupção aumentou. Essa é a faca de dois gumes que hoje ameaça o PT.

Mas não sou ingênua de achar que não existem corruptos dentro do PT. O que me deixa triste é que o PT não encontre um caminho interno de consenso para recuperar sua imagem de defensor da transparência no setor público. Vamos falar a verdade: existem casos obscuros; existe manipulação de dados; existe negligência e omissão; existem casos de ingerências. Apesar de tudo de bom que foi construído nesses últimos anos, há problemas. A história da Petrobrás só me assusta em um aspecto: como eles deixaram a coisa chegar a esse ponto? Por que não tomaram providências antes?

Não morro de amores por Dilma. A administração dela é confusa. Não adianta só distribuir/investir bilhões. Tem que fiscalizar para saber se esses bilhões foram aplicados corretamente pelos estados e municípios. Estou na contramão do Chico Buarque. Na última eleição votei na Dilma por causa da Dilma. Nesta eleição vou votar na Dilma por causa do Lula.

Vou votar na Dilma porque o governo do PT investiu de verdade no ensino superior. Vou votar no PT porque sempre chega verba federal na minha escola, inclusive para o ensino médio que é obrigação dos estados. Vou votar na Dilma porque hoje, no Brasil, todo concurseiro quer ser funcionário público federal. Vou votar na Dilma porque os melhores salários da educação pública estão no ensino federal. Vou votar na Dilma porque o PSDB prima pela supressão dos direitos dos professores. Vou votar na Dilma porque FHC e Aécio Neves foram péssimos para o funcionalismo público. Vou votar em Dilma porque Aécio congelou o salário e a carreira dos professores. Vou votar em Dilma porque o choque de (indi) gestão do governo do PSDB ainda me causa ânsias de vômito.Vou votar em Dilma, porque Aécio não tem consistência: suas propostas são extremamente superficiais e elitistas. Vou votar em Dilma porque não confio em Aécio.

Vou votar na Dilma porque o PT foi muito melhor para a Educação.



terça-feira, 16 de setembro de 2014

Enfim, férias-prêmio!

O ex-governador atual candidato à presidência, aquele que se auto intitula eficiente e competente, está em queda livre na intenções de voto. Bem feito! Quem mandou não $valorizar$ os professores? Quem mandou extinguir e congelar o que sobrou da carreira do magistério estadual? Quem mandou?

Não conheço nenhum professor que vai votar nele. E seu partido que se cuide porque os alunos que gostam dos professores de história que procuram dilatar a boa consciência política também não vão votar nele. E nem no seu candidato ao governo do estado. Bem feito!

D. Margarida dá uma de desentendida:

"Não sei por que o governo resolveu conceder as férias-prêmio que estavam congeladas! No governo do PSDB, ter direito aos direitos previsto em lei é algo imprevisível. Por que será que o governo resolveu, na sua bondade eficiente e competente, me conceder um direito que é meu?"

Não vejo a hora dessa turma ser retirada do poder.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Vote em d. Gérbera

Minha amiga d. Gérbera é professora de escola pública estadual e candidata ao governo do estado de Minas Gerais. Resolvi dar uma força e me tornar sua cabo eleitoral. Vejamos algumas de suas propostas voltadas especialmente para os professores:

  • Aumento salarial de 100% ao ano durante os 04 anos de governo.
  • Férias prêmio de três em três anos.
  • Progressão horizontal de 5% e progressão vertical de 25%.
  • Valorização salarial do professor como poltica pública de distribuição de riquezas e de combate à desigualdade social.
  • Mais cursos de capacitação para diretores, vice-diretores, especialistas da educação, analistas da educação e para a d. Secretária de Educação.
  • Prêmio de Assiduidade para todos os servidores da Educação.
  • Bolsa Antes e Depois para combater os males do pó de giz. Destinada aos professores, essa bolsa prevê o custeio por mês de 02 escovas, 01 limpeza de pele, 01 hidratação capilar, 04 manicures e pedicuros, verba para compra de duas peças de roupa, 01 progressiva a cada 6 meses,.
  • Vale-refeição. 
  • Vale-transporte.
  • Isenção de 30% nas contas de água e luz.
  • Acesso sem restrições aos serviços de saúde de psiquiatria, psicologia, fonoaudiologia, otorrinolaringologia, dermatologia e gastroenterologia.
  • Salas de desestressamento em todas as escolas, equipadas com sofás confortáveis, televisão , dvd, som, computadores, jogos e geladeira.
  • Vale-cultura sem restrições de 100 reais por mês.
  • Meia-entrada em todos os espetáculos.
  • Prêmios anuais de 1 milhão de reais para iniciativas pedagógicas inovadoras.
  • 10 milhões de reais para projetos pedagógicos mediante apresentação de projetos educacionais, com remuneração complementar para os envolvidos.

E isso é só o começo. D. Gérbera tem ideias e propostas maravilhosas para solucionar os males da (des) educação brasileira.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O salário dos professores de Pernambuco

A morte de Eduardo Campos embananou o meio de campo da presidente Dilma na sucessão presidencial. Agora Marina Silva, de acordo com as últimas pesquisas, ganha de Dilma "Rousselfie" no segundo turno.

Sempre votei no PT a minha vida inteira, mas estava inclinada a pesquisar e talvez dar um voto de confiança ao PSB. Eduardo Campos tinha um discurso razoável. Dava a impressão de ser um político transparente e sincero. Não estou querendo dizer, caro colega, que o sujeito era um santo. Longe disso. No Brasil, a morte purifica a reputação de qualquer um. Qualquer um. Acho que não é o caso. Mas vasculhando umas revistas velhas em busca de imagens para ilustrar o Para Casa da minha filha, deparei-me com uma entrevista de Eduardo Campos à revista Época. Nessa entrevista, Eduardo Campos falava de aumento de salário e da necessidade de se instituir uma carreira para professores de escolas públicas.

Bom, pelo menos ele falava. Porque ninguém, nenhum outro candidato, toca no assunto "salário digno para os professores". Todos dizem "mais verbas para a Educação". O discurso é sempre genérico. Assumir o compromisso de uma política pública que cobre dos governadores e dos prefeitos uma solução para a efetiva valorização do magistério, ninguém assume. Estão todos esperando os royalties do pré-sal. A grana do governo é para "estimular" o investimento privado. Educação, saúde e segurança que esperem. Que esperem pelos lucros do pré-sal.

Então pesquisei sobre os salários dos professores de Pernambuco. E a conclusão a qual cheguei é que é tudo a mesma miséria. A mesma mesquinharia. Mil e poucos reais. Ou 400 euros. Ou 500 dólares. Por mês.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Balanço da Copa 2014

Quando o Brasil levou aquela surra da Alemanha minha cabeça borbulhou de vontade de escrever. Alcoolizada como estava, as frases apareciam prontas, perfeitas e encadeadas no meu cérebro confuso. Infelizmente, elas não resistiram à ressaca do dia seguinte. Por que o espanto, caro colega? Professores também tomam bebidas fortes. Ainda mais em época de Copa do Mundo. Porres íntimos com amigos queridos que não dizem a frase infame no dia seguinte: "Você, ontem, heim?" Meus amigos não dizem esse tipo de coisa. Meus amigos são generosos diante dos meus desatinos alcóolicos. Mas não posso dizer o mesmo em relação ao vexame da nossa seleção de futebol. Foi muito difícil surportar um gol atrás do outro. Foi muito difícil aceitar o placar de 7 a 1. Meus amigos e eu não perdoamos.

No fundo, no fundo, eu sabia que o Brasil ia perder. Era óbvio demais. A seleção era muito fraca. Mas por um momento, antes do jogo começar, por alguns minutos, eu quase acreditei que o Brasil seria capaz de empatar com a Alemanha.  Felizmente, Deus nos poupou, a nós, brasileiros, logo nos primeiros minutos de jogo, da idiotice da insistência nesse pensamento mágico. Talvez a derrota vergonhosa da seleção brasileira tenha sido um aviso de Deus para prestarmos mais atenção na realidade, para vivermos mais com os pés no chão. Afinal, temos eleições importantes pela frente.

É inevitável tentar construir uma analogia entre o fracasso da seleção e a situação precária da educação no Brasil. Assim como fomos induzidos pela mídia a acreditar que podíamos ganhar o hexacampeonato, também somos iludidos por propagandas que pintam uma educação em constante progresso e desenvolvimento. Assim como fomos levados a ver os jovens craques da seleção como promessas de um sucesso predestinado, baseado em suas habilidades e competências individuais, também somos levados a aceitar que nossos estudantes são todos receptivos e interessados, cheios de talentos e com poucas deficiências. Se o problema da seleção foi de ordem técnica, de liderança, o problema da educação brasileira é do professor que, na visão de alguns setores, não é capaz de comandar suas turmas rumo ao sucesso da apredizagem.

A Copa acabou. E no jogo dos Laranjas (holandeses) contra os Bagaços (brasileiros) faturei um dinheirinho num bolão. Meu palpite foi certeiro: 3 a 0. Não me iludo. A educação no Brasil precisa preparar os jovens para um futuro de verdade. É um crime iludi-los com uma progressão continuada irresponsável. Lá na frente vem o desastre. Não saber decifrar códigos e linguagens pode provocar acidentes graves. Pode levar pessoas à morte. Isso acontece frequentemente. As notícias estão nos jornais. No Brasil, a ignorância mata e causa prejuízo aos cofres públicos. Mas para os governantes, a educação vai muito bem. Para eles o problema é o professor.

Para nós, torcedores, a culpa foi do Felipão.  

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Mais greve?

Uma semana se passou. Leio no jornal que professores em greve resolveram "radicalizar" o movimento.
Como assim? Será que radicalizar significa ir pra rua, parar o trânsito na hora do rush e fazer o pobre coitado dentro do ônibus, que trabalhou o dia inteiro, chegar em casa às dez da noite? Tô fora.

Sinto saudade da época em que manifestação política tinha um lado cultural artístico. Tudo era mais lúdico e mais divertido. Não tinha isso de sair quebrando tudo.(Sei que professores não fazem isso, mas hoje em dia toda manifestação tem tido esse desfecho). Não me atrai esse jeito raivoso de fazer política apesar de eu mesma destilar ódios absolutos contra o governo do Reino da Província neste blog.

Na política, prefiro o deboche e a indiscrição como armas. Sinto falta de um movimento mais radical nas redes sociais. Não vejo propaganda alguma. Ninguém me convida pra quebrar o pau no facebook. Eu gostaria.Penso que eu seria mais útil dessa forma. Ir pra Praça Sete às seis horas da tarde, nem morta. Preguiça total. Estou ficando velha. E outra que me desanimou: d. Secretária de Educação declarou que 99,99% das escolas funcionaram ontem. E o sindicato não declarou nada? Por que? Sindicalista tem que ser mais amigo de jornalista. Sair pra tomar umas...Ambas as categorias são mal pagas.

E a bomba que saiu no jornal esta semana? Minas Gerais tem o pior índice de analfabetismo da região Sudeste. Isso acontece porque o Sr. Ex-governador Atual Presidenciável e seu fiel escudeiro o Sr. Gênio da Administração Pública Ex-governador Atual Candidato ao Senado foram profissionais extremamente eficientes e muito competentes ao longo dos últimos 16 anos de governo do PSDB. Imagina se não tivessem sido!



sexta-feira, 16 de maio de 2014

Sem título

Excursão com os alunos. Ônibus fretado. Avenida Amazonas.

A aluna pergunta:

"Que bairro é esse, professora?"

A professora olha pela janela e responde:

"Barroca."

A aluna conclui:

"Ah, o Aleijadinho já morou aqui."

terça-feira, 29 de abril de 2014

PAAE 2014

Mais um PAAE. Trabalheira. Horas e horas de módulo "lunar". Se recebesse por horas extras, ficaria rica. Nem tanto, mas daria pra dar uma bela geral no meu carrinho velho: desamassar, pintura nova e cintos de segurança retráteis no banco de trás.

Até quando vamos aceitar tanta humilhação? Até quando? "Não pode dar nota vermelha; não pode dar bomba; não pode dar suspensão"... Não pode nada, mas eles podem tudo.

Como foi a aplicação do PAAE na sua escola, caro colega? Na minha, em algumas salas, não digo em todas, alguns alunos conversaram o tempo todo, apesar dos apelos para que respeitassem as regras e tivessem consideração pelos outros realmente concentrados na prova.

"Ah, a sua escola é muito ruim", pensa o colega que lê este desabafo. Talvez seja mesmo. Muito ruim. Mas não é muito diferente de outras escolas. "Ah, eles não querem nada. Não querem saber de estudar", dizem outros colegas. Então, o que eles querem? Qual é a importância do conhecimento para os adolescentes da periferia? Quais são seus valores? O que a escola significa para eles?

A impressão que tenho é que para muitos deles, para a maioria talvez, a escola é importante. Muitos têm enorme dificuldade de ler e entender um texto, mas fazem o que podem. Outros dão conta de fazer tudo. E alguns, apenas alguns, desestruturam toda a disciplina usando a violência do desrespeito. E para mostrar a esses alunos que a vida em sociedade necessita de limites para funcionar bem, nós professores não podemos contar com o apoio de ninguém. Para o Estado, o problema é do professor. Para o Estado, o problema é o professor. "Despreparados". Não é assim que se referem a nós na grande imprensa, caro colega? "Despreparados". E o Estado? O Estado brasileiro é bem preparado para resolver os problemas da nossa sociedade? 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Amanhã, paralisação.

Meus caros colegas e eu colocamos a proposta em votação e ganhamos. Amanhã, na minha escola, haverá paralisação. Pelo menos no turno da manhã. Já é alguma coisa. Já é algum sinal de consciência política. Não me interessa se a última greve não vingou. Não quero nem saber quais são os outros tópicos da pauta de reivindicações do sindicato. Também não tomo conhecimento se esse movimento está sendo tutelado pela CNTE ou não. A única reivindicação que verdadeiramente importa é um salário digno, porque o que nos pagam é humilhante. É ultrajante.

Gostaria muito de me dedicar mais ao blog. Estou meio sumida. É o famigerado fim de bimestre. Aqueles diários artesanais irritantes. Nada contra o artesanato, mas já adentramos a era da informática há mais de quinze anos. D. Secretária de Educação parece não perceber isso. Os professores continuam a somar notas e faltas nos dedos e na calculadora. O governo do estado é incapaz de nos fornecer uma planilha excel básica. Depois se autointitula de "eficiente" e "competente". Ô coitado!

Gostaria também de escrever aqui sobre os 50 anos do golpe de 1964. Como professora de história acho importante marcar essa presença, registrar um pouco da minha memória sobre o regime militar, comentar minhas aulas sobre o tema e o diálogo com os alunos. Ainda vou escrever sobre isso. Prometo. Em breve. Afinal, as comemorações não se resumem apenas ao meses de março e abril, mas a todo o ano de 2014.

E ainda teremos copa e eleições! Ai, meus santos de proteção! Ai, meus orixás! Talvez eu tenha que dar uma sumida mesmo. É que estou fazendo um "bico" pra ganhar um dinheirinho extra. Para engordar esse salário raquítico.

Graças ao sindicato, amanhã tem paralisação. Já é alguma coisa, algum movimento, algum sinal de consciência política. Já é alguma coisa.  

domingo, 6 de abril de 2014

O fim da Lei 100 e as aposentadorias - A burocracia sumiu

Com a derrocada da Lei 100, muitos colegas efetivados estão se aposentando. Quem já tem idade e/ou tempo de contribuição, ou falta pouco para chegar lá, está entrando com o pedido e voilá: para espanto geral, as aposentadorias estão sendo publicadas em tempo recorde. Praticamente da noite para o dia. Não é incrível? A burocracia sumiu!

Agora, uma pergunta básica: se a burocracia sumiu deve ser porque ela é passível de desaparecimento caso haja vontade política, não é mesmo, caro colega? Se é possível aposentar servidores em dois, três dias a partir de um protocolo é porque é possível fazer isso, não é? Não estou nem cogitando a possibilidade de fraudes nesses processos de aposentadoria. Estou partindo do princípio de que quando o governo quer, ele consegue agilizar qualquer processo, a despeito de toda a burocracia que destrói a eficiência dos poderes executivos em todas as esferas neste Brasil de Meu Deus. Definitivamente, não precisamos de burocracia.

A burocracia é uma burrocracia. Ela não é eficiente, nem competente. Muito antes pelo contrário.

quinta-feira, 27 de março de 2014

A derrocada da Lei 100 e os efetivados

Se você, caro colega, é um efetivado, não se desespere. Nada mudará no curto e médio prazo. O atual governo não vai pagar o preço político de "demitir" 90 mil servidores da educação. O principe do Reino da Província vai arrastar todas as decisões, vai prolongar todos os prazos...Talvez ele até recorra da decisão do STF, afinal, o  jus espernianti é exatamente para isso: ganhar tempo. Todas as ações governamentais serão orquestradas para a bomba estourar no colo do próximo governador. Sair pela tangente é bem típico da dupla dinâmica formada pelo Sr. Ex-governador Atual Presidenciável e seu fiel escudeiro, o Sr. Gênio da Administração Pública Atual Governador.

Isso que é "eficiência", heim, caro colega! Isso que é "competência"! Como bem disse a líder do sindicato dos professores: "Eles são os responsáveis por criar uma situação de fragilidade para quase 100 mil pessoas". (jornal O Tempo 27/03/2014).

Mas não se preocupe demasiadamente, caro colega. A dupla dinâmica não vai pagar a conta desse desgaste político. Ainda mais em época de eleições. Fique tranquilo. A aplicação da decisão do STF será lenta e gradual. Entretanto, não estou querendo dizer que você deve se acomodar. Longe disso. Mais do que nunca é preciso agir. Procure  informações sobre a decisão do Supremo; regularize sua situação funcional; consulte um advogado; tome consciência dos seus direitos! E também aproveite esse tempo de transição para estudar. Se você pretende se aposentar no serviço público estadual como professor, estude, estude, estude. Você vai precisar passar no próximo concurso público para garantir seus direitos.

Ah,  e não se esqueça: este ano tem eleições. Você já tem candidato?

sábado, 15 de março de 2014

Greve Nacional dos Professores 2014

Você conhece a experiência do sapo na água quente? A primeira vez que ouvi falar dessa experiência foi no documentário "Uma verdade Inconveniente". Esse filme mostra as palestras sobre os perigos do aquecimento global que o ex-vice-presidente norte americano Al  Gore ministra pelo mundo afora.

A experiência é assim: se você coloca um sapo dentro de um caneco com água quente, o sapo imediatamente salta para fora do recipiente. Mas se você coloca o sapo dentro do caneco com água fria, e esquenta a água com ele lá dentro, o sapo morre cozido. Ele não pula.

Às vezes, penso que nós, professores, somos como os sapos. Os recém-concursados e nomeados, que vejo chegando na escola pública, não ficam. Eles logo tomam consciência de que a água está quente demais e que eles precisam procurar uma água mais fria para sobreviverem.

Os demais sapos, nós, caros colegas, professores com mais de dez anos de magistério, vamos ficando, ficando...A água não nos parece tão quente. Ela sempre foi assim, morninha... Desejar uma água fria e estimulante nos parece um sonho impossível. Um sonho difícil de realizar. E se a água esquentar demais, não tem problema, estamos acostumados. Vamos dourando a temperatura... Reclamamos, reclamamos, mas não fazemos muita coisa para mudar a nossa situação.

Não se iluda, caro colega. Estamos sendo cozidos em fogo lento sem percebermos. Vamos terminar nossas vidas doentes e sem dinheiro para comprar remédios.

Agora, uma pergunta: você vai participar da Greve Nacional de três dias? Ou está com preguiça de pagar os dias depois? Ou está com medo do governo cortar o seu salário?

Estive pensando...Os garis do Rio fizeram greve e agora eles ganham um salário como o meu: mil e poucos reais.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

É Bomba!

Você já deve ter percebido, caro colega, que neste blog não consta o número de acessos a essas humildes e, às vezes, indigestas crônicas sobre a escola pública. Optei por não divulgar essa quantia porque, sinceramente, não recebo muitos acessos. Eu tinha a ilusão de que meu blog seria um sucesso estrondoso. Ledo engano.

Penso que meus textos incomodam. E incomodam porque na visão de D. Margarida ninguém se salva no planeta Educação: nem alunos, nem professores, nem sindicato, nem "magistéricas" e  nem "pedagogentas". Muito menos o governo, o grande culpado. D. Margarida é pessimista. Reclama demais. De tudo. Ninguém aguenta. "No Brasil, todos idealizam a Educação mas ninguém quer pagar o preço", costuma dizer.

No último ano, d. Margarida viu o número de acessos ao blog subir vertiginosamente: 500 por mês. "Uau!", pensou d. Margarida. "O blog está bombando!". Coitada de d. Margarida. Ela realmente pertence a uma outra geração, de um passado remoto. Desde quando 500 acessos por mês representa alguma coisa na blogosfera? Ridículo.

Mais ridículo ainda foi quando d. Margarida descobriu que mais da metade dos acessos era realizada por sites robôs norte-americanos. Ela pesquisou e descobriu que é acessada por dois sites. Mas quem acessa é um robô, ou seja, ninguém lê o que d. Margarida escreve. Ela também descobriu que quando escreve determinadas palavras como, por exemplo, "terrorismo", o número de acessos aumenta. Não é incrível? É só escrever umas palavrinhas chaves e a resposta é imediata.

Então, só para infernizar esses robôs e manter as estatísticas em ascenção, vamos falar das bombas que estouraram na escola nos últimos dias. As bombas chegaram junto com os alunos. Desde o primeiro dia de aula, nós, professores, alunos e funcionários, temos sido surpreendidos por estrondos assustadores. A acústica péssima e a arquitetura labiríntica ajudam em tudo. No barulho que nos paralisa e na clandestinidade dos vândalos delinquentes insuportáveis. Posso dizer que eles (a gangue) são o que são porque todos são maiores de idade. Já deviam estar todos fora da escola há muito tempo, mas nós, professores, resolvemos bombá-los para castigá-los. E agora eles estão lá, aliciando os menores e aterrorizando os outros que querem estudar. Bem feito para nós, professores. O principal suspeito de ser o líder dos terroristas é também suspeitíssimo de liderar outros crimes de calibre muito maior dentro da escola.  Agora eu entendo uma vice-diretora que sempre dizia: "Passa esse menino, gente! Passa esse menino!".

É a bomba pedagógica se materializando. Ridículo.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Reinventando o Ensino Médio? Não, obrigada!

Que venha 2014. Estou preparada. Ou acho que estou. Para este ano correr tranquilo tomei algumas decisões importantes. A principal delas é assumir de uma vez por todas que sou melhor professora para o ensino médio que para o ensino fundamental. Adoro os pequenos, mas eles me enlouquecem. E já sou louca o bastante. Não necessito de mais insanidade na vida. Então, como sou a segunda professora de História na escola a escolher turno e turmas, preferi ficar com os adolescentes. Nada de pré-adolescentes este ano. Chega. Como eu disse, gosto muito dos mais novos, mas eles me desequilibram. Apenas um pouco do estresse que eles desencadeiam já é o suficiente para que eu fique à deriva por alguns dias. Ando muito sensível ultimamente. Nada contra a galerinha de doze, treze anos, mas já que fiz concurso para a rede pública estadual não há motivo para ficar sofrendo com a gritaria do turno da tarde. Pela LDB a responsbilidade pelo ensino médio é do estado. Então, para que assumir o ensino fundamental? Não sou obrigada a fazer isso. Tenho sorte. Posso escolher. Resolvi usar os direitos que tenho. E esta é a minha segunda decisão importante para 2014. Usar os meus direitos. Não quero extensão de carga horária, obrigada. Não quero participar do Reinventando o Ensino Médio, obrigada. Não tenho tempo para estudar e planejar essa nova disciplina chamada "empregabilidade". Muito obrigada, mas não quero. O planejamento da minha disciplina já é muito trabalhoso para que eu embarque nesse novo projeto pedagógico. Agradeço o convite, mas tenho que estruturar um currículo nada básico que vai da pré-história aos dias atuais. Sinto muito, não posso participar. E além do mais, o salário não vale a pena. Ganho apenas 1.200 reais, ou 500 dólares, ou 350 euros. Para que vou acumular mais trabalho ? Não vou ganhar mais por isso! Sinto muito. Agora não vai dar. Quem sabe na próxima? Se rolar um dinheirinho extra que valha o sacrifício, quem sabe um dia?

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Um pouco do de sempre

Feliz volta às aulas, caro colega! Do coração, desejo-lhe que o ano letivo de 2014 seja muito, muito melhor do que o ano que se foi.