terça-feira, 22 de novembro de 2011

Sobre algo que não existe no Reino da Província

Não existe democracia neste país. A democracia brasileira é uma fachada que os políticos pintam da cor que é mais conveniente para eles.

No Reino da Província, temos um "déspota esclarecido" que se acha a própria reencarnação do Marquês de Pombal. A questão é:  o nosso "príncipe" age como se ainda vivesse no Antigo Regime, quando o povo só tinha direito a ser povo.

O PSDB é isso: a elite letrada. A última coisa que o PSDB quer é diminuir a distância entre ricos e pobres. As classes populares precisam permanecer na ignorância, precisam continuar submissas, prestando serviços à elite.

Universaliza-se a Educação que, apesar dos anos e dos investimentos, continua de péssima qualidade, evoluindo a passos lentíssimos. Os pobres precisam aprender apenas a ler, a escrever e a executar as quatro operações básicas. Na visão do "príncipe", os pobres não têm direito a uma educação humanista, a uma educação cultural, ampla, formadora da pessoa humana. Cidadania? Só no papel. Na urna, jamais!

Afinal, o que a elite fará se ninguém mais quiser ser empregada doméstica? O que a elite fará se ninguém mais quiser trabalhar pelos salários miseráveis que ela está acostumada a pagar? O que a elite fará se o povo aprender a votar?

A luta não terminou. Ela está só começando. E se o professor pretende ganhar essa guerra tem que ler mais, tem que abdicar das informações da "rádio corredor" e buscar fontes mais confiáveis para formar um pensamento político coeso, consciente dos seus direitos e deveres, para quando se estabelecer um campo de batalha (e existem muitos campos de batalha, não apenas a greve) ser capaz de estraçalhar o governo.

Temos de aprender a jogar xadrez. A guerra política é como uma partida de xadrez. Não basta agir. É preciso adivinhar as reações e os próximos passos do adversário. Foi isso que o governo fez conosco. Deu a corda para que nos enrolássemos nela: uma greve extremamente longa. Foi esperto. Mas nós podemos ser mais espertos. Temos que abdicar da nossa própria ignorância política e nos unirmos mais, conhecer as leis, discuti-las com nossos colegas, exercer bem as nossas funções e, sobretudo, não aceitar as sandices pedagógicas e burocráticas da SEE. Enfim, temos que nos fortalecer. A guerra será longa e está só começando.


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Dos tempos do onça...

Vai chegando o fim do ano... Vai me dando um desespero...Só de pensar em ter de completar aqueles diários ridículos, completamente ultrapassados, dos tempos do Estado Novo...É de lascar! Somar faltas e notas na ponta do lápis e da calculadora...Sinto tanta preguiça, tanta preguiça...quase uma depressão.

Não consigo entender por que até hoje esse governo que se auto intitula "competente", "eficiente" e todos os demais adjetivos tecnocratas da "excelência" de qualidade, ainda não disponibilizou diários eletrônicos para os professores da rede estadual ?

Depois dizem por aí que o professor é "despreparado"! Quer saber? O governo e a SEE que vão catar coquinhos!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Dias felizes

Há dias em que tudo corre macio.Enquanto os alunos realizam as atividades, eu organizo meu material, faço a chamada e passo de carteira em carteira esclarecendo as dúvidas. Ninguém grita, ninguém briga, ninguém agita. Ficam a trabalhar suas mentezinhas ansiosas em grupo e em paz.

Por que não é sempre assim?

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sobre as mentiras do governo

Este governo é tão mentiroso, mas tão mentiroso e descarado que pagou um anúncio no jornal para acusar o sindicato de mentiroso.

Foi publicado no jornal "O Tempo" (13 de novembro de 2011, página 7) que:

"O governo (...) não descontou os dias parados de setembro, conforme negociação aprovada com o Sind-Ute".

Pois em verdade eu vos digo que no meu contracheque de outubro vieram descontadas faltas-greve referentes a setembro (está escrito S-E-T-E-M-B-R-O com todas as letras) no valor de R$ 110,00.

Governozinho mentiroso, mentiroso, mentiroso!

domingo, 13 de novembro de 2011

A luta continua! Chega de submissão!

Outro dia vieram com a proposta de aplicar provas de recuperação para os alunos. Para todos os alunos! Uma prova e um trabalho no valor de 100 pontos.

Dei um piti. Tenho 200 alunos. Trabalhei o ano inteiro corrigindo milhares de atividades para cumprir o programa de recuperação paralela. E agora vieram com a brilhante idéia de distribuir 100 pontos para todos os alunos, inclusive para os que já passaram de ano.

"Para melhorar a nota deles", disseram. Prazo para a tarefa de corrigir 400 atividades? Seis horários ou 5 horas. E os professores que têm 400 alunos?

Tive um xilique. "Não corrijo, não corrijo e não corrijo. Aqueles que já passaram de ano, passaram. Se passaram com 60% ou 70%, paciência. Fiz a minha parte. Só vou corrigir os trabalhos dos alunos que não passaram ainda". Bati o pé e venci. Não aceito mais delírios pseudo-pedagógicos. E acho que todos os professores deveriam fazer o mesmo. Chega de aceitar orientações sobre as quais não fomos sequer consultados.

Chega de submissão! Professor é o último a ser consultado sobre as soluções para tirar a Educação do buraco. Eu sei exatamente o que fazer (e acredito que meus caros colegas também) para resolver vários problemas da escola. Somos nós que estamos na linha de frente, mas nunca somos consultados.

Tudo vem de cima pra baixo. E professores que têm a autoestima no pé aceitam tudo e morrem de medo de não sei o quê. Eles morrem de medo das ameaças ridículas cujas origens são obscuras pois ninguém se guia pelas leis, mas pelo disse que disse.

Confesso a você, caro colega, estou cada vez mais refratária às ordenanças da SEE e seus projetos pedagógicos inóquos que não resolvem nada e só fazem aumentar a carga burocrática que sempre recai em cima dos funcionários da escola. Pra mim chega!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O que nos resta?

Voltei arrasada da assembléia dos professores que aconteceu hoje na Praça da Assembléia Legislativa do Reino da Província. Pouquíssima gente. Ainda mais se contarmos que parte dos presentes era da polícia civil e dos servidores da Saúde. Os professores estão cansados de nadar, nadar e morrer na praia. O movimento esvaziou.

O governo foi muito esperto: deu linha e aguardou o cansaço do peixe. O peixe agora está nadando dentro do seu aquário,  sob seu controle. Até a estratégia de negociação lenta, após a suspensão da greve, fazia parte do plano de esfriar os ânimos do magistério.

O que nos resta? Pra mim a única saída,  a principal trincheira de resistência está dentro da escola. Que tal se todos nós passássemos a trabalhar apenas as 24 horas pelas quais recebemos esse ridículo salário? Nada de passar os fins de semana corrigindo provas ou fechando diários ou preparando aulas. Chega! As taletas não estão prontas? "Sinto muito, eu trabalho 24 horas por semana. Nem um minuto a mais. Não terminei de fechar o segundo bimestre ainda".

Que tal se nós também parássemos de auxiliar o governo na maquiagem dos índices escolares estaduais? Pelo amor de Deus, nada de descontar nos alunos a nossa indignação. Não se trata disso. Trata-se simplesmente de parar de mentir. Que tal se os professores se comprometessem com um sistema de avaliação justo, bem feito e real? Ah, o índice de reprovação geral foi de 40%? "Sinto muito. Mas temos todos os dossiês de todos os alunos que não adquiriram as competências e habilidades esperadas para o nível/série em que estão". É só parar de compactuar com as diretoras, inspetoras, superintendentes e mostrar a verdade. O governo, se quiser, que passe os alunos por decreto. Vamos atolar a secretaria com milhões de dossiês de alunos semi-analfabetos.

A meu ver, esse é o caminho que nos resta: conquistar uma autonomia pedagógica impermeável às orientações governamentais. E que os professores sejam os principais agentes  dessa resistência.