terça-feira, 28 de junho de 2011

Navegar é preciso...

Minha escola não entrou em greve. Então, hoje, voltei a dar minhas aulas normalmente.

Penso que a relação mais importante que devemos cultivar na escola é aquela entre nós, professores, e os nossos alunos. Você pode ser um excelente colega, um bom amigo dos outros professores, dos funcionários, dos diretores, mas se a sua relação com os seus alunos não for satisfatória, você vai ficar doente. Da cabeça ou do corpo. Ou de ambos.Se não conseguimos estabelecer um mínimo de respeito mútuo nessa relação, onde é que fica a nossa dignidade? E a nossa sanidade?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Diário de greve (3)

"Ah, é? Não querem fazer greve? Pois faço eu, por minha própria conta e risco".
E fiz. Três dias de greve individual. Se vou levar falta? Se vão descontar no meu salário? Como é mesmo aquela música? "Tô nem aí, tô nem aí!"

Tem uma coisa que os professores precisam entender: por mais que lutemos, por mais que tenhamos algumas vitórias, ainda vai demorar um século para sermos valorizados como merecemos. Ainda mais com esses políticos no poder que preferem ser lembrados pela construção de um viaduto, pela duplicação de uma avenida, do que por ter dado educação de qualidade para seu povo.

Lembrem-se de que demorou quase dois séculos, depois de iniciada a Revolução Industrial, para que os operários ingleses tivessem carteira assinada, férias remuneradas, salário mínimo, jornada de 48 horas semanais.

Esse governo mentiroso merece ser desmascarado. Vamos jogar lama na purpurina do homem, minha gente!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Professores que piram (2)

Deu no jornal. Uma professora fluminense, casada, de 38 anos, levou o aluno-amante de 15 anos para o motel. O marido, desconfiado há tempos, seguiu o casal e deu o flagrante.

Foram todos parar na delegacia. De acordo com a legislação brasileira, relação sexual com menor acima de 14 anos é  vista como "consentida".  Resultado do BO: "caso a apurar".

Não sou preconceituosa. O amor não tem idade. Mas com tanto homem vira-lata no mundo, a professora tinha que se envolver logo com um aluno??? O rapaz é praticamente um baby!!!

Talvez esteja aí a chave para entender o caso. Talvez a professora quisesse ensinar as artes do amor ao seu pupilo. Ou era o rapaz que queria dar um upgrade na autoestima da professora?

Vai saber...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Diário de greve (2)

Hoje, representantes do sindicato estiveram na escola para convencer os professores a entrarem em greve. Perguntei sobre o percentual de adesão ao movimento. 75%. Bom, muito bom. Poderia ser mais, mas...

Como sou a favor da greve, nem esperei todo o discurso dos sindicalistas. Fui logo para a sala multimeios assim que acabou o recreio, pois estou passando um documentário ótimo para meus alunos dos oitavos anos: "Pro dia nascer feliz", do diretor João Jardim. Excelente filme sobre a educação brasileira. Uma ótima reflexão sobre a nossa realidade.

domingo, 12 de junho de 2011

Diário de greve (1)

Minha escola não entrou em greve, ainda. Fui voto vencido. Talvez a partir da próxima quarta-feira...quem sabe?

terça-feira, 7 de junho de 2011

É greve?

Mais uma greve de professores da rede estadual desponta no horizonte. Mais uma. Todo ano é a mesma coisa. O sindicato só parece ter essa opção para oferecer aos professores.

Eu não sei quanto a você, caro colega, mas a minha opinião é a de que não podemos entrar em greve sem analisarmos muito bem a situação. Não é o sindicato que repõe as aulas. Somos nós. Somente nós é que sabemos o quanto as greves são terríveis, principalmente para os professores que têm dois cargos. Depois é aquela loucura, aquela correria, sem sábados para descansar, lotados de trabalho, prazos apertados para entregar notas, alunos que faltam às aulas de reposição, enfim, ninguém merece o pós-greve.

Se o sindicato está propondo uma greve, eu quero saber direitinho para quê. Quais são as reivindicações? Muitos vão dizer: "Ah! É o piso. Queremos o piso". Ok. Mas se pensarmos bem, o que deveríamos querer é que o governo do estado se manifeste e nos apresente um plano de carreira que realmente nos satisfaça.

Pensemos. O estado ainda está recebendo as requisições para a volta à carreira antiga. A julgar pela morosidade da SEE, os protocolos só serão processados lá para agosto, "a gosto de Deus"! Depois é que vamos ver como vai ficar o pagamento. Sem falar nos muitos professores que precisam regularizar seus biênios e quinquênios e pós-graduações.

O estado vai alegar que já paga o piso, proporcionalmente. O piso é para o ensino médio. E como fica o piso para quem tem curso superior? E a questão da proporcionalidade de tempo aula/planejamento? Sim, porque a lei diz que são 2/3 das 40 horas em sala de aula e 1/3 para planejamento. Se o governo de MG for obedecer a lei, um cargo teria que ser de 16 horas/aula em sala e 8 horas/aula para planejamento.

E esse silêncio do governo? Parece um jogo de xadrez. Temos que calcular muito bem as nossas jogadas. Poderíamos, por exemplo, optar pela estratégia de jogar lama na purpurina do governo. Se começarmos a denunciar todos os podres da Educação em Minas Gerais, o governo vai ficar louco. É só começar a denunciar a violência nas escolas, as obras mal feitas, a morosidade na regularização das vantagens, os equipamentos de informática que não funcionam, os projetos que não funcionam, a falta de estrutura de algumas escolas, enfim, tem muita lama para jogar no ventilador.

Greve é coisa séria. É desgastante. Não sou contra a greve, mas para funcionar a adesão do magistério tem que ser de, no mínimo, 90%. De qualquer foma, a hora é propícia. A péssima situação da Educação brasileira está na ordem do dia. E uma coisa é certa: não podemos perder o bonde da História.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Dia difícil

D. Margarida, às vezes, vira um monstro. Fica nervosa e insuportavelmente agressiva. Dizem que é o tal estresse. Eu acho que ela tem crises hormonais periódicas que a deixam com os nervos à flor da pele.

Tem duas coisas que irritam d. Margarida profundamente. Primeiro, a desorganização da escola, quando ninguém sabe onde foram parar as chaves da sala de multimeios, por exemplo, e ela, apesar de já ter agendado a atividade com uma semana de antecedência tem que ficar um horário inteiro para resolver o problema. Em segundo lugar, a falta de educação dos alunos que  este ano está vários níveis acima do normal.

D. Margarida está cansada. Ela está pensando seriamente em tirar uma licença psiquiátrica de um mês, ou declarar guerra aos alunos com ocorrências, relatórios, notas vermelhas e reprovação em massa. D. Margarida está furiosa. Eu acho que ela precisa tomar um remedinho tarja preta para se acalmar.