Há momentos em que somente a autoridade da diretora da escola resolve o que precisa ser resolvido.
Depois de A. aprontar, pintar, bordar, borrocar, agredir, ameaçar, testar, desrespeitar e infernizar professores e funcionários, para muito além do limite do suportável, a diretora, enfim, tomou uma atitude. Mandou chamar a mãe e lhe disse:
"A senhora escolhe: ou assina a transferência do seu filho, ou a polícia vai levá-lo novamente para a delegacia de menores."
Nesse dia, o garoto tinha ameaçado um funcionário de morte. O mesmo garoto que tentou me agredir e me ameaçou semanas atrás.
Resultado: a mãe , coitada , com mais quatro filhos pra cuidar, preferiu não ter o dever de se apresentar ao juiz novamente. Assinou logo o documento de transferência do filho-problema-na-escola.
Que esse garoto seja muito feliz em outra instiuição de ensino, longe de nós. Que Deus me perdoe, mas mimha compaixão tem limite.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
sábado, 16 de junho de 2012
Módulo (só se for lunar) 2
Reunião de Módulo II. Horário previsto: 8:00 hs. Horário de início: 8:45 hs. Normal. Eu já devia estar acostumada.
Os trabalhos começaram com objetividade. Fato raro. Problemas e possíveis soluções detalhados em power point. Muito bom. Pelo menos a coisa não ficou só no blá,blá, blá, como sempre. Enfim, algum progresso surgiu no horizonte.
Poupo o caro colega do elenco completo das questões apontadas e discutidas, afinal todas as escolas públicas têm problemas parecidos: violência, falta de compromisso, desorganização, buRRocracias da Secretaria de (des) Educação.
Um problema grave na minha escola é a péssima comunicação interna, mas entre todas as possíveis soluções sugeridas e apresentadas para esse problema, não foi citado, em nenhum momento O USO DA INTERNET.
Dá para imaginar uma escola com quase dois mil alunos e mais de duzentos funcionários que não utiliza ferramentas digitais para melhorar sua comunicação interna? Não há boca a boca, nem quadros de avisos que dêm conta de tantos recados e informações.
Coube a mim, atacada por uma crise de ansiedade aguda provocada pela abstinência de nicotina, apontar a falha. Alguém anotou no quadro: uso da internet. Pelo menos isso. Ficarei feliz e prometo lhe contar, em primeira mão, se algum dia receber um simples e-mail da secretaria da minha escola.
Os trabalhos começaram com objetividade. Fato raro. Problemas e possíveis soluções detalhados em power point. Muito bom. Pelo menos a coisa não ficou só no blá,blá, blá, como sempre. Enfim, algum progresso surgiu no horizonte.
Poupo o caro colega do elenco completo das questões apontadas e discutidas, afinal todas as escolas públicas têm problemas parecidos: violência, falta de compromisso, desorganização, buRRocracias da Secretaria de (des) Educação.
Um problema grave na minha escola é a péssima comunicação interna, mas entre todas as possíveis soluções sugeridas e apresentadas para esse problema, não foi citado, em nenhum momento O USO DA INTERNET.
Dá para imaginar uma escola com quase dois mil alunos e mais de duzentos funcionários que não utiliza ferramentas digitais para melhorar sua comunicação interna? Não há boca a boca, nem quadros de avisos que dêm conta de tantos recados e informações.
Coube a mim, atacada por uma crise de ansiedade aguda provocada pela abstinência de nicotina, apontar a falha. Alguém anotou no quadro: uso da internet. Pelo menos isso. Ficarei feliz e prometo lhe contar, em primeira mão, se algum dia receber um simples e-mail da secretaria da minha escola.
terça-feira, 5 de junho de 2012
Dias felizes
Na semana passada, me senti no céu ao lado de Deus. Três turmas me escolheram para madrinha da classe. Não faço a menor ideia das atribuições e responsabilidades do cargo, mas só de saber que os sextos anos indicaram meu nome, senti-me felicíssima. É um sinal de que os alunos gostam de mim e me consideram uma boa professora.
Professor é bicho maltratado. Ninguém valoriza. Ficar esperarando o reconhecimento dos colegas, da direção ou do governo é o caminho mais rápido para a frustração. É por isso que eu "garro" mesmo é com os alunos. É a relação que mais prezo. Xingo, dou meus xiliques, mas faço de tudo pra ensinar o conteúdo. Ensino também a ser gente, a ter consciência da selvageria do mundo e da própria falta de civilidade. Meus alunos aprendem. Não consigo dimensionar bem o quê, nem o quanto eles aprendem. Só sei que aprendem.
Um dos maiores elogios que recebi na minha vida foi em uma auto-avaliação que solicitei aos alunos. "Eu não sabia que tinha tanta inteligência", escreveu D.
Nem tudo é paz. Obviamente sou uma professora normal, cheia de manias, com meus altos e baixos praticamente subterrâneos. No dia a dia, quase sempre sinto-me no meio de uma guerra ingrata. A guerra da ignorância contra a possibilidade do conhecimento. E, quase sempre, a ignorância é a vencedora das batalhas cotidianas.
Mas em raras ocasiões, recebo a graça de preciosos momentos quando meus alunos e eu devoramos o fruto proibido do conhecimento sem cerimônia, sem culpa e sem medo de sermos expulsos do paraíso.
Professor é bicho maltratado. Ninguém valoriza. Ficar esperarando o reconhecimento dos colegas, da direção ou do governo é o caminho mais rápido para a frustração. É por isso que eu "garro" mesmo é com os alunos. É a relação que mais prezo. Xingo, dou meus xiliques, mas faço de tudo pra ensinar o conteúdo. Ensino também a ser gente, a ter consciência da selvageria do mundo e da própria falta de civilidade. Meus alunos aprendem. Não consigo dimensionar bem o quê, nem o quanto eles aprendem. Só sei que aprendem.
Um dos maiores elogios que recebi na minha vida foi em uma auto-avaliação que solicitei aos alunos. "Eu não sabia que tinha tanta inteligência", escreveu D.
Nem tudo é paz. Obviamente sou uma professora normal, cheia de manias, com meus altos e baixos praticamente subterrâneos. No dia a dia, quase sempre sinto-me no meio de uma guerra ingrata. A guerra da ignorância contra a possibilidade do conhecimento. E, quase sempre, a ignorância é a vencedora das batalhas cotidianas.
Mas em raras ocasiões, recebo a graça de preciosos momentos quando meus alunos e eu devoramos o fruto proibido do conhecimento sem cerimônia, sem culpa e sem medo de sermos expulsos do paraíso.
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