terça-feira, 5 de junho de 2012

Dias felizes

Na semana passada, me senti no céu ao lado de Deus. Três turmas me escolheram para madrinha da classe. Não faço a menor ideia das atribuições e responsabilidades do cargo, mas só de saber que os sextos anos indicaram meu nome, senti-me felicíssima. É um sinal de que os alunos gostam de mim e me consideram uma boa professora.

Professor é bicho maltratado. Ninguém valoriza. Ficar esperarando o reconhecimento dos colegas, da direção ou do governo é o caminho mais rápido para a frustração. É por isso que eu "garro" mesmo é com os alunos. É a relação que mais prezo. Xingo, dou meus xiliques, mas faço de tudo pra ensinar o conteúdo. Ensino também a ser gente, a ter consciência da selvageria do mundo e da própria falta de civilidade. Meus alunos aprendem. Não consigo dimensionar bem o quê, nem o quanto eles aprendem. Só sei que aprendem.

Um dos maiores elogios que recebi na minha vida foi em uma auto-avaliação que solicitei aos alunos. "Eu não sabia que tinha tanta inteligência", escreveu D.

Nem tudo é paz. Obviamente sou uma professora normal, cheia de manias, com meus altos e baixos praticamente subterrâneos. No dia a dia, quase sempre sinto-me no meio de uma guerra ingrata. A guerra da ignorância contra a possibilidade do conhecimento. E, quase sempre, a ignorância é a vencedora das batalhas cotidianas.

Mas em raras ocasiões, recebo a graça de preciosos momentos quando meus alunos e eu devoramos o fruto proibido do conhecimento sem cerimônia, sem culpa e sem medo de sermos expulsos do paraíso.

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