terça-feira, 29 de abril de 2014

PAAE 2014

Mais um PAAE. Trabalheira. Horas e horas de módulo "lunar". Se recebesse por horas extras, ficaria rica. Nem tanto, mas daria pra dar uma bela geral no meu carrinho velho: desamassar, pintura nova e cintos de segurança retráteis no banco de trás.

Até quando vamos aceitar tanta humilhação? Até quando? "Não pode dar nota vermelha; não pode dar bomba; não pode dar suspensão"... Não pode nada, mas eles podem tudo.

Como foi a aplicação do PAAE na sua escola, caro colega? Na minha, em algumas salas, não digo em todas, alguns alunos conversaram o tempo todo, apesar dos apelos para que respeitassem as regras e tivessem consideração pelos outros realmente concentrados na prova.

"Ah, a sua escola é muito ruim", pensa o colega que lê este desabafo. Talvez seja mesmo. Muito ruim. Mas não é muito diferente de outras escolas. "Ah, eles não querem nada. Não querem saber de estudar", dizem outros colegas. Então, o que eles querem? Qual é a importância do conhecimento para os adolescentes da periferia? Quais são seus valores? O que a escola significa para eles?

A impressão que tenho é que para muitos deles, para a maioria talvez, a escola é importante. Muitos têm enorme dificuldade de ler e entender um texto, mas fazem o que podem. Outros dão conta de fazer tudo. E alguns, apenas alguns, desestruturam toda a disciplina usando a violência do desrespeito. E para mostrar a esses alunos que a vida em sociedade necessita de limites para funcionar bem, nós professores não podemos contar com o apoio de ninguém. Para o Estado, o problema é do professor. Para o Estado, o problema é o professor. "Despreparados". Não é assim que se referem a nós na grande imprensa, caro colega? "Despreparados". E o Estado? O Estado brasileiro é bem preparado para resolver os problemas da nossa sociedade? 

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