quarta-feira, 27 de julho de 2011

Edição extraordinária: o drama do subsídio x carreira

O prazo para optar entre o subsídio e a carreira antiga está se esgotando. Até o dia 10 de agosto tenho que decidir. Já fiz as contas mas, como sou carne nova no magistério, só tenho direito aos biênios e ao pó de giz. Perdi meu direito aos quinquênios porque, em 2005, após minha licença maternidade, não renovei meu contrato como designada com o estado. Fiquei estudando para o concurso e passei. Sou efetiva desde 2006.

Pelas minhas contas, o subsídio é mais vantagem, pois meu salário aumentou R$ 300,00. Se retornar para a carreira antiga, e mesmo que esse governo me pague o piso proporcional que é de R$ 712,00, somado ao pó de giz (20%) e aos biênios (04), ainda assim o meu salário será trezentos reais menor que o subsídio. E o aumento de 10% anunciado por esse governo imprestável não irá fazer nem cócegas na soma final.

O que mais me espanta nessa história é que o sindicato, com todo respeito, fica anunciando por aí que o piso nacional é de R$1.597,00 para ensino médio e jornada de 40 horas. Baseado em quê? Em uma lei tal que esse governo mesquinho nunca levou em conta, mesmo durante a vigência da carreira antiga? O sindicato está colocando o carro na frente dos bois!

Esse governo mentiroso vai ter que pagar o piso e ele vai pagar, isso é certo. Mas o que ele vai fazer é retirar o valor proporcional do piso da VTI e da PCRM que compõem o salário. Não dá pra ficar iludida. Na hora de fazer as contas, tenho que descartar a VTI e a PCRM porque elas serão incorporadas ao vencimento básico para atingir o valor proporcional do piso. As vantagens que incidirão sobre o vencimento básico serão apenas os biênios, os quinquênios, o pó de giz e pós-graduação.

Talvez eu retorne para a carreira antiga para requerer mais um biênio e para tentar reaver meu direito ao quinquênio na Justiça. Mas do ponto de vista financeiro, para quem tem até oito anos de magistério, a carreira antiga não é vantagem. Pode ser para quem já passa dos quinze anos e que tem direito a biênios , quinquênios, pós-graduações e outras vantagens. Para esses, sim, a carreira antiga é mais vantajosa.

 Ao fim e ao cabo, tudo se resume em contar migalhas! Esse piso também não resolve a situação. Temos que sonhar mais alto: R$ 3.500,00 líquidos por um cargo de 24 horas!! Ou de 30 horas, que seja!

domingo, 17 de julho de 2011

Enfim, férias!

Este blog também entra em férias.

Desejo a todos os professores estaduais que não tiveram a coragem de fazer greve, boas férias. E para aqueles que fizeram greve, mas não participaram das mobilizações de protesto, desejo que continuem descansando. Vocês vão precisar de energia para repor as aulas depois.

Quanto a mim, tenho dois trabalhos acadêmicos para entregar e ainda não fechei diários e notas. Minhas férias serão de puro trabalho.

Boas férias, caros colegas!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Diário de greve (4)

Fiquei doente. Consegui me arrastar até o posto de saúde mais próximo. A médica, quando disse qual era minha profissão, fez jogo duro e deu-me uma licença de apenas um dia.

"Você deve manter suas atividades normais. O repouso é pior. Pode trazer complicações de sinusite ou pneumonia. Sua virose é contagiosa e você deve evitar falar perto de alguém".

Fiquei estupefata. Eu mal conseguia me manter de pé. O corpo todo doía. O nariz entupido, a voz rouca, a cabeça pesada, uma tosse que vinha da alma com catarro e tudo.

Será que essa mulher sabe o que é dar aula para cinco turmas de 35 adolescentes inquietos e barulhentos? Será que essa médica sabe que a arquitetura da escola é um primor do estilo escola-prisão, com janelas emperradas, vasculantes estreitos com grades por dentro e por fora, com pouquíssima ventilação? E o pó de giz? Será que ela sabe o que é pó de giz? Não, ela não conhece as nossas reais condições de trabalho. Ela só sabe que professores são os campeões nacionais da licença-médica.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Diário de greve (3)

Fui obrigada a voltar ao trabalho, mas concebi uma outra forma de luta. O governo me paga um salário miserável para trabalhar 24 horas por semana, não é mesmo? Então é isso, daqui pra frente só irei trabalhar 24 horas por semana. Atrasei a entrega das notas? Atrasei a entrega dos diários? Atrasei a entrega das taletas? Não deu tempo. Por que? Porque 24 horas por semana é pouco para dar conta de duzentas ou trezentas cabecinhas. Sinto muito. A partir de agora eu só trabalho 24 horas por semana, nem um minuto a mais.

Pense bem, caro colega. Não seria melhor ter apenas um cargo de 30 horas, pelo qual você ganhasse dois mil reais líquido, do que ralar a semana inteira em dois cargos (48 horas) para ganhar dois mil e trezentos reais? O ideal seria ganhar mais do que dois mil reais por um cargo de 30 horas. O ideal seria ganhar três mil líquido por um cargo. E para aqueles que quisessem, seria dada a opção de pegar mais dez aulas para completar um cargo de quarenta horas. Por que não?

Me responda se puder: por que uma funcionária do TJ ganha três mil e quinhentos reais, mais benefícios, para trabalhar seis horas por dia praticamente batendo carimbo, e nós, caro colega, ganhamos apenas mil, cento e vinte reais por mês para salvar o futuro do país?