quarta-feira, 30 de julho de 2014

Balanço da Copa 2014

Quando o Brasil levou aquela surra da Alemanha minha cabeça borbulhou de vontade de escrever. Alcoolizada como estava, as frases apareciam prontas, perfeitas e encadeadas no meu cérebro confuso. Infelizmente, elas não resistiram à ressaca do dia seguinte. Por que o espanto, caro colega? Professores também tomam bebidas fortes. Ainda mais em época de Copa do Mundo. Porres íntimos com amigos queridos que não dizem a frase infame no dia seguinte: "Você, ontem, heim?" Meus amigos não dizem esse tipo de coisa. Meus amigos são generosos diante dos meus desatinos alcóolicos. Mas não posso dizer o mesmo em relação ao vexame da nossa seleção de futebol. Foi muito difícil surportar um gol atrás do outro. Foi muito difícil aceitar o placar de 7 a 1. Meus amigos e eu não perdoamos.

No fundo, no fundo, eu sabia que o Brasil ia perder. Era óbvio demais. A seleção era muito fraca. Mas por um momento, antes do jogo começar, por alguns minutos, eu quase acreditei que o Brasil seria capaz de empatar com a Alemanha.  Felizmente, Deus nos poupou, a nós, brasileiros, logo nos primeiros minutos de jogo, da idiotice da insistência nesse pensamento mágico. Talvez a derrota vergonhosa da seleção brasileira tenha sido um aviso de Deus para prestarmos mais atenção na realidade, para vivermos mais com os pés no chão. Afinal, temos eleições importantes pela frente.

É inevitável tentar construir uma analogia entre o fracasso da seleção e a situação precária da educação no Brasil. Assim como fomos induzidos pela mídia a acreditar que podíamos ganhar o hexacampeonato, também somos iludidos por propagandas que pintam uma educação em constante progresso e desenvolvimento. Assim como fomos levados a ver os jovens craques da seleção como promessas de um sucesso predestinado, baseado em suas habilidades e competências individuais, também somos levados a aceitar que nossos estudantes são todos receptivos e interessados, cheios de talentos e com poucas deficiências. Se o problema da seleção foi de ordem técnica, de liderança, o problema da educação brasileira é do professor que, na visão de alguns setores, não é capaz de comandar suas turmas rumo ao sucesso da apredizagem.

A Copa acabou. E no jogo dos Laranjas (holandeses) contra os Bagaços (brasileiros) faturei um dinheirinho num bolão. Meu palpite foi certeiro: 3 a 0. Não me iludo. A educação no Brasil precisa preparar os jovens para um futuro de verdade. É um crime iludi-los com uma progressão continuada irresponsável. Lá na frente vem o desastre. Não saber decifrar códigos e linguagens pode provocar acidentes graves. Pode levar pessoas à morte. Isso acontece frequentemente. As notícias estão nos jornais. No Brasil, a ignorância mata e causa prejuízo aos cofres públicos. Mas para os governantes, a educação vai muito bem. Para eles o problema é o professor.

Para nós, torcedores, a culpa foi do Felipão.