segunda-feira, 11 de julho de 2011

Diário de greve (4)

Fiquei doente. Consegui me arrastar até o posto de saúde mais próximo. A médica, quando disse qual era minha profissão, fez jogo duro e deu-me uma licença de apenas um dia.

"Você deve manter suas atividades normais. O repouso é pior. Pode trazer complicações de sinusite ou pneumonia. Sua virose é contagiosa e você deve evitar falar perto de alguém".

Fiquei estupefata. Eu mal conseguia me manter de pé. O corpo todo doía. O nariz entupido, a voz rouca, a cabeça pesada, uma tosse que vinha da alma com catarro e tudo.

Será que essa mulher sabe o que é dar aula para cinco turmas de 35 adolescentes inquietos e barulhentos? Será que essa médica sabe que a arquitetura da escola é um primor do estilo escola-prisão, com janelas emperradas, vasculantes estreitos com grades por dentro e por fora, com pouquíssima ventilação? E o pó de giz? Será que ela sabe o que é pó de giz? Não, ela não conhece as nossas reais condições de trabalho. Ela só sabe que professores são os campeões nacionais da licença-médica.

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