quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O que nos resta?

Voltei arrasada da assembléia dos professores que aconteceu hoje na Praça da Assembléia Legislativa do Reino da Província. Pouquíssima gente. Ainda mais se contarmos que parte dos presentes era da polícia civil e dos servidores da Saúde. Os professores estão cansados de nadar, nadar e morrer na praia. O movimento esvaziou.

O governo foi muito esperto: deu linha e aguardou o cansaço do peixe. O peixe agora está nadando dentro do seu aquário,  sob seu controle. Até a estratégia de negociação lenta, após a suspensão da greve, fazia parte do plano de esfriar os ânimos do magistério.

O que nos resta? Pra mim a única saída,  a principal trincheira de resistência está dentro da escola. Que tal se todos nós passássemos a trabalhar apenas as 24 horas pelas quais recebemos esse ridículo salário? Nada de passar os fins de semana corrigindo provas ou fechando diários ou preparando aulas. Chega! As taletas não estão prontas? "Sinto muito, eu trabalho 24 horas por semana. Nem um minuto a mais. Não terminei de fechar o segundo bimestre ainda".

Que tal se nós também parássemos de auxiliar o governo na maquiagem dos índices escolares estaduais? Pelo amor de Deus, nada de descontar nos alunos a nossa indignação. Não se trata disso. Trata-se simplesmente de parar de mentir. Que tal se os professores se comprometessem com um sistema de avaliação justo, bem feito e real? Ah, o índice de reprovação geral foi de 40%? "Sinto muito. Mas temos todos os dossiês de todos os alunos que não adquiriram as competências e habilidades esperadas para o nível/série em que estão". É só parar de compactuar com as diretoras, inspetoras, superintendentes e mostrar a verdade. O governo, se quiser, que passe os alunos por decreto. Vamos atolar a secretaria com milhões de dossiês de alunos semi-analfabetos.

A meu ver, esse é o caminho que nos resta: conquistar uma autonomia pedagógica impermeável às orientações governamentais. E que os professores sejam os principais agentes  dessa resistência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário