"Quais são as propostas desses vândalos?" perguntou J.
"Cara, não é vandalismo. É revolta!" respondeu R., que participou do confronto direto com a polícia.
"Como assim?" perguntei.
"Vandalismo é uma mãe passar quatro horas no posto de saúde com uma criança no colo. Vandalismo é corrupção", respondeu R.
"Mas quem são os caras que promovem essas ações?" perguntei.
"Tudo bandido, professora", disse D. "Tudo bandido. Eu mesma vi um que eu sei que é bandido."
Pode até ser que sejam bandidos, mas acho que tem de tudo naquele bolo de gente que põe toda a beleza da passeata a perder.
Na escola é a mesma coisa. Os vândalos e os aprendizes de bandidos são aqueles que não deixam a maioria estudar. A escola pública, em geral, é toda quebrada, suja, pichada e feia. Um ambiente horrendo. Para segurar os vândalos, as diretoras mandam gradear tudo. A escola fica com ares de prisão. Um terror absoluto.
E para piorar a (des) educação de nossas crianças e adolescentes, o ambiente, depois de destruído, continua destruído porque para se colocar uma simples porta em uma sala de aula é preciso enfrentar uma jornada licitatória buRRocrática e longa. A papelada que precisa correr é tão extensa que a diretora desiste. E a escola vai ficando cada vez mais destruída. "Se já está quebrado, vamos quebrar mais um pouco", pensam os vândalos. E por aí vai.
Estou tão acostumada a ver cenas de vandalismo no meu dia a dia que, hoje, ao assistir às cenas horríveis da quebradeira que rolou na Av. Antônio Carlos, penso apenas que escola e sociedade se espelham. Uma é reflexo da outra. Não me assusto tanto. Sinto tristeza. Infelizmente esta é uma realidade que vejo todos os dias.
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