quarta-feira, 15 de maio de 2013

A vida continua


"Professora, a senhora está aflita!"

"Não é nada, meu anjo. Não se preocupe. Estou com uns probleminhas. Nada sério." Respondi, enquanto agradecia: "Obrigada por me trazer de volta à realidade."

Após passar uma semana surtada de tanta ansiedade, acordei mais calma na última segunda-feira. Nada como uma segunda-feira para colocar a cabeça no lugar. A vida continua. Agora é esperar, ouvir os médicos e tomar as decisões certas.

Os alunos sabem quando não estamos bem. Eles sentem. Principalmente se já foram nossos alunos e nos conhecem. Nem todos, é claro. Apenas os mais sensíveis. Os outros continuam com exigências:

"Fala a nota aí, 'fessora'! Não vai falar a nota, não?"

"Ela nunca fala a nota!"

Falo sim. Apenas demoro um pouco mais para dar o resultado, porque tento até o fim fazer com que eles escrevam, pelo menos, mais uma linha; para que eles façam, no mínimo, mais um exercício; para que eu não tenha que manchar o meu diário somente com  notas vermelhas. Sou do tipo que tem compromisso com o sucesso dos alunos, mas eles também têm que fazer a parte deles. 

Crianças e adolescentes  precisam de professores tranquilos, calmos, pouco ansiosos. A ansiedade tem o poder nefasto de não nos deixar escutar o que o outro quer nos dizer. Ouvimos, mas não escutamos. A ansiedade nos deixa mergulhados e fechados em nossos próprios dramas. A ansiedade nos paralisa quando precisamos agir. A conversa não chega aonde deveria chegar. Graças a Deus, passou.

Cobranças e estresse assaltam a vida de todos os professores. O tempo todo. Talvez seja impossível vivermos totalmente livres disso. O salário também não ajuda. Mas, é como diz o Leminski, um poeta que amo de paixão:

"Pra que cara feia?
Na vida
ninguém paga meia".   

Nenhum comentário:

Postar um comentário