quinta-feira, 24 de março de 2011

Bang! Bang!

Leio no jornal O Tempo a notícia de um estudante de 16 anos "apreendido após disparar uma arma dentro da Escola Estadual Carlos Drummond, no bairro Jardim Felicidade",em Belo Horizonte.

 Segundo o rapaz, o revólver calibre 32 disparou acidentalmente. Um funcionário ouviu o tiro e encontrou o aluno guardando a arma na mochila. A polícia militar foi acionada. Em depoimento, o jovem disse que a arma era de um desconhecido que prometeu buscá-la no fim da aula.

Diretoria e professores fizeram uma reunião para "avaliar o caso e definir se haverá punição ao aluno". O resultado dessa reunião não foi divulgado.

Percebe o detalhe, caro colega? Professores e diretoria vão decidir "se" haverá punição. Como assim: "se" ?

Outro detalhe: você acha que a notícia foi manchete? Nada disso. Quase uma nota de rodapé da sessão Cidades. E o que isso nos mostra? Que notícias como essa são corriqueiras e não causam mais espanto? Ou que o estado abafou o caso? É claro que a Secretaria de Educação tenta abafar todos os casos de violência que extrapolam os muros das escola. Às vezes, a coisa escapa. O que vemos no horizonte é a ponta do iceberg.

Já aconteceu na minha escola.  M., quando tinha apenas 12 anos, apareceu na escola com uma arma na mochila. A polícia foi chamada. A vice-diretora deu seu jeito: o garoto continuou na escola  até o término do ano letivo. No ano seguinte, sua matrícula foi recusada. Ficamos uns bons anos sem ver aquela carinha.

Mas o mundo é redondo e, este ano, M. voltou. Não é meu aluno. De vez em quando, ele aparece na porta das minhas aulas. "E aí, 'fêssora'?" "E aí, M.?", respondo. Peço licença e fecho a porta. Trato-o bem, mas tenho medo.

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