quinta-feira, 24 de outubro de 2013

E aí, macacada?

Li no jornal a notícia de um professor universitário do curso de Ciências Sociais de uma das melhores universidades do país acusado por estudantes de ter assediado uma aluna. Diz o professor que, ao ser interpelado pela aluna durante uma explicação sobre uma teoria sociológica, deu como exemplo um hipotético relacionamento amoroso entre a aluna e ele. Os coleguinhas da garota não gostaram e agora estão fazendo um escarcéu dos diabos. O professor foi afastado e o caso está sendo apurado pelas autoridades competentes.

Esse caso me fez lembrar de outro, também recente, de um professor de química (se não me engano) de  uma escola pública estadual que, segundo o jornal, se dirigiu à aluna da seguinte forma: "Se você fosse tão inteligente como é gostosa..."  A menina demonstrou seu constrangimento imediatamente. Imediatamente o professor caiu em si e pediu desculpas à aluna. Mas os pais vieram a saber do "sinistro" mais tarde e foram à escola no dia seguinte apurar o caso, com a imprensa a tiracolo.

Outro caso acontecido há algum tempo: um professor de ensino fundamental de um centro pedagógico universitário se ausentou da sala de aula por alguns minutos. Quando retornou, a bagunça era tanta que ele se dirigiu a um aluno comparando-o a um macaco. O mal-entendido tomou proporções enormes. Deu página inteira no jornal. O professor foi acusado de racismo pelos pais do aluno. Acabou exonerado, coitado.

O que está acontecendo?  Em quem acreditar? Nos professores ou nos alunos? Em qual contexto o professor chamou o garoto de macaco? Quão ofendidas as alunas realmente se sentiram? Até que ponto outros personagens tomaram as dores desses alunos? Quem está errado? Quem está certo?

Esses professores poderiam ser transformados em personagens da minha série "professores que piram", mas não vou fazer isso. A situação é mais grave. Tem clima de caça às bruxas. A sociedade exige do professor uma retidão monástica humanamente desumana. Já aos alunos, atualmente, permite-se tudo: eles podem plagiar e ou comprar trabalhos acadêmicos; eles podem mandar o professor tomar naquele lugar; eles podem depredar impunemente o patrimônio público; eles podem ser cínicos e desrespeitosos; eles podem usar drogas na escola...Eles podem tudo. O professor não pode nada. Ai do professor que sair do script e tentar improvisar um lado mais relaxado. Ai dele!

Não estou dizendo aqui que esses professores não erraram. Sei que existem várias versões dessas histórias. O que me assusta é pensar que uma simples palavra mal dita pode transformar a vida de um profissional em um inferno.

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