quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

"Tem que passar"...

Final de ano é um desespero. Uma desorganização total e absoluta. Os alunos que já passaram de ano em todas as matérias não podem ser mandados para casa, pois o Estado brasileiro entende que o aluno tem direito a assistir às aulas. Só que a essa altura, a última coisa que o aluno quer é assistir às aulas. Então, ele fica zanzando pelo colégio, endossando os decibéis altíssimos responsáveis por nossa surdez progressiva. Os outros, que não fizeram nada o ano inteiro, passam a perseguir os professores pela escola:

"Eu passei, professora? Eu passei? Eu passei?"

O que o governo não quer é que o aluno pobre da escola pública vá para a porta das lojas e dos shoppings e fique com caixinhas de sapato na mão, pedindo trocados para o Natal. Criança pobre na rua não pode. Tem que ficar dentro da escola, mesmo quando já passou de ano.

No meu tempo de menina, entrávamos em férias no dia 1º de dezembro. Os colegas em recuperação  frequentavam mais duas semanas de aulas. Era um castigo. Nós estudávamos muito para não pegar recuperação. Tínhamos mais férias e o ensino era melhor.

Quando o governo vai aprender que quantidade não significa qualidade? Talvez nunca, pois já estão abrindo para consulta pública a proposta de cinco horas de aulas por dia.

Por enquanto, o inferno de Dante continua até o dia 16 de dezembro. Espero não enlouquecer até lá. Sou obrigada pelas circunstâncias a continuar compactuando com a farsa dos índices da Educação que o governo apresenta na televisão. Na realidade, se fosse seguir critérios puramente didático-pedagógicos, reprovaria 40% dos meus alunos. Mas, "tem que passar", "tem que passar", "tem que passar"... O governo precisa apresentar índices educacionais positivos para conseguir seus empréstimos e financiamentos internacionais. Para ficar bem na foto.

É tudo uma grande farsa! Sinto nojo. A Educação brasileira é "só pra inglês ver".

Nenhum comentário:

Postar um comentário