terça-feira, 13 de setembro de 2011

Um dia como outro qualquer

Estava a dar vistos nos cadernos dos alunos do 9A quando um cheiro característico invadiu minhas amplas narinas. Achei que fosse...e era. Pedi a uma aluna que zelasse por meus objetos e saí da sala para dar o flagrante. Dei a volta no prédio, atrás das salas, da quadra. Não vi ninguém.

No intervalo, procurei a especialista: "Alguém estava...". Ela respondeu: "Já foi resolvido". Não deu muito papo. Assunto de drogas é sempre abafado. Não pode vazar. Já pensou se todos começam a comentar que naquela escola fuma-se maconha todos os dias?

E fumam mesmo. Entram na classe com a cabeça feita. Reconheço seus olhos baixos, avermelhados, os risinhos retardados, a cara de quem está em outro mundo.Todos os dias.

Mais tarde, no final do turno, a vice-diretora me mostrou a prova do "crime": a "ponta do baseado" plastificada e anexada ao relatório. E revelou que eram alunos do PAV "pavoroso".

Se eu fosse professora do PAVoroso, não pensaria duas vezes. Passaria o filme "Cenas de uma guerra particular" do João Moreira Sales para os drogaditos, e exigiria um texto individual sobre o filme com, no mínimo, trinta linhas, valendo 10 pontos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário