quinta-feira, 8 de setembro de 2011

D. Margarida, a subversiva

Eu não sei quanto a você, caro colega, mas faço questão de explicar bem explicadinho aos meus alunos o que é capitalismo, o que é luta de classes, o que é mais-valia, o que é lucro, o que é servidão, o que é escravidão, o que é trabalho assalariado, o que é greve, o que é socialismo, o que é comunismo, o que é revolução, o que é ...

Sigo a cartilha das utopias direitinho e digo a eles com todas as letras:

"Se não existissem os ricos que querem ficar cada vez mais ricos, não exisitiriam os pobres. Uns têm menos porque outros têm demais. A pobreza não é um desígnio divino. A pobreza é uma invenção dos homens e pelas mãos dos homens é perpetuada através dos séculos".

E digo a eles o "verdadeiro" valor da escola pública, gratuita e de péssima qualidade:

"Vocês têm que aprender a ler e a escrever para que possam saber ler um contrato de trabalho, ou de compra e venda; para que os ricos não passem vocês pra trás; para que os patrões não os enganem sobre seus direitos trabalhistas; para que vocês possam ter instrumentos para requerer do poder público o cumprimento das suas responsabilidades; e, principalmente, para aprender a votar  nas pessoas certas e eliminar de uma vez por toda essa canalha que está aí, roubando impunemente o dinheiro do povo."

Não sou comunista, mas sou professora e, portanto, pobre. Na classificação de mercado, baseada nos rendimentos salariais, pertenço à classe E. Dois salários mínimos. Economicamente pertenço ao povão. A uma parcela semi-intelectualizada do povo que seja, mas que ao fim e ao cabo, não deixa de ser o povão que provoca alergia preconceituosa nas elites.

Sigo o CBC porque sou obrigada, mas carrego na tinta quando o assunto é expor os interesses das elites sobre os anseios trabalhistas ao longo da História. E alguém pergunta: "E os alunos, eles prestam atenção no seu discurso?" E eu digo: "Vejo seus olhos brilharem. Aquele tipo de brilho que anuncia o entendimento de alguma coisa. Quando o assunto é a injustiça social, eles não só prestam muita atenção, como também participam, perguntam, questionam. Dá tudo certo."

Nenhum comentário:

Postar um comentário