segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sobre a polêmica do livro didático

A polêmica já esfriou, mas vamos lá...

Sinceramente, para mim a questão é clara e  muito simples.A maioria dos meus alunos não falam e não escrevem usando a norma culta da língua. A minha função como professora é ensiná-los a se expressarem na norma culta.

Apesar de ser professora de história, sempre corrigi a ortografia nos trabalhos, provas e textos. Peço para eles reescreverem três vezes cada palavra que erram. Exijo capricho com o caderno. Ensino a saltar linhas entre uma questão e outra. "O texto precisa respirar". "Como assim, professora? Desde quando texto respira?" Eles acham graça. Ameaço tirar um ponto se eles escreverem o nome de um país com letra minúscula. E eles escrevem: brasil, frança, portugal. Oitavos e nonos anos! Xingo quando a letra é um garrancho: "Não sou paleógrafa! Se você não der um jeito na sua letra, você será prejudicado na sua vida escolar. Você é um menino inteligente, você tem que melhorar sua caligrafia!"

Ajo dentro do meu limite. Não sou a professora de português. E não acho que a responsabilidade pelo ensinamento da norma culta da língua deva ser exclusivamente dela. Não digo aos meus alunos que eles falam ERRADO. Não uso esse argumento contra eles, mas me esforço para que eles aprendam a ler e a escrever dentro de um padrão de inteligibilidade.

E quando um aluno escreve "pacto colonial são quando portugal só comércio e a colônia só faz comércio com metropolitano", o que eu faço? Dou meio ponto. Valeu a intenção. Ele quase chegou lá.

Procuro não sofrer. Não alimento falsas expectativas em relação aos meus alunos. Sou exigente na qualidade e na quantidade das atividades, pois eles têm que se desenvolver, estão na escola para isso.

De vez em quando, eles me surpreendem. E esses momentos em que eles mostram que apreenderam algum conhecimento valem todos os outros.

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