domingo, 11 de agosto de 2013

Professores que piram (4)

Leio no jornal O Tempo, do último sábado, uma pequena notinha: "Professora traumatiza aluno". A professora de uma escola estadual, localizada em uma cidade no interior do estado de São Paulo, chamou o aluno de 11 anos de Félix.

Félix, para esclarecer meus caros colegas estrangeiros, é o nome do grande vilão da telenovela do horário nobre da Rede Globo, "Amor à Vida". O personagem é homossexual.

Diz a nota que a mãe do aluno "resolveu tirá-lo da escola para evitar mais traumas".

Fica a dúvida: por que a professora chamou o menino de Félix? Por que o menino demonstrou alguma maldade, alguma perversão? Ou por que o garoto demonstrou sua homossexualidade? Ou as duas coisas?

Alunos com atitudes perversas existem e são assustadores. Nós, professores, ficamos sem saber o que fazer com esse tipo de criança. Mandamos chamar os pais e, às vezes, os responsáveis são tipos muito piores.

Quanto à questão da homossexualidade, sou totalmente contra qualquer discriminação por parte dos professores em relação aos alunos nesse sentido. Sou do tipo que vira para os alunos, quando pinta uma piada, ou uma bricadeirinha preconceituosa, e falo: "E daí? E daí se tem gente que prefere se relacionar com pessoas do mesmo sexo?"

"É doença, professora. Falta de vergonha na cara", eles respondem. E eu retruco: "Não tem nada de doença. O ser humano é um ser cultural. Nós não praticamos sexo como os animais. A sexualidade humana é muito rica e variada. A pessoa tem que namorar com quem ela gosta e com quem gosta dela também. O mais importante é o sentimento, o respeito, o carinho." Eles me olham com cara de espantados. E a polêmica corre solta.

De qualquer forma, penso que a professora chamou o menino de Félix por impulso, por desespero. As crianças nos testam além do limite suportável. Falamos sem pensar. E é aí que erramos. Professor, atualmente, não pode falar nada sem pensar antes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário