quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Férias imaginárias

Faz frio no país estrangeiro. Tudo que eu quero é me enfiar debaixo das cobertas e ler um bom livro, mas meu marido quer bater pernas pelo país estrangeiro. Ele quer ensinar à nossa filha de oito anos como explorar o mundo.

Um metrô que funciona nos transporta pela big city em questão de minutos, várias vezes ao dia. O ritmo é frenético. Minha natureza melancólica e preguiçosa sofre, mas a paisagem é tão linda, os lugares são tão interessantes, a comida é tão boa, que me rendo à caçada de surpresas com bom ânimo. Minha curiosidade vence. O livro fica pra depois.

A neve. Já tinha desisitido de conhecê-la. Linda, faiscante, fascinante e mortal. Depois de meio dia de sol e céu azul, o tempo fecha, a temperatura despenca e uma nevasca paralisa o trânsito nas montanhas. Resultado: seis horas dentro de uma van pra chegar ao hotel, e muito medo.

Museus, restaurantes, parques, shoppings (essa praga da qual não conseguimos nos livrar), as ruas e o povo. Um povo por quem um certo presidente deu a sua vida. Um povo sofrido como nosotros, los brasileños. Um povo gentil e reservado, que fala baixo, que não joga lixo no chão das ruas, bem educado. Um povo que merece menos desigualdade social como tantos outros no planeta.

Visito a casa do poeta, incrustada no alto de um cerro, na cidade dos cerros. A vista enche meus olhos e minha alma. O mar calmo, pontilhado de navios, abraça o horizonte. Sinto inveja do poeta e do seu cantinho pra escrever.

Em uma cidade vizinha, balneário dos ricos do país estrangeiro, um leão marinho dança no mar, próximo aos rochedos coalhados de gaivotas e outras aves. Um presente da natureza. Avisto pelicanos empoleirados em um piér e penso na poesia de Adélia Prado. O bicho é mesmo perfeito para o título de um livro.

Nossa filha vai aprendendo a explorar o mundo. E eu também.

Faz frio no país estrangeiro... mas é hora de acordar. As aulas já vão começar.

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