sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pedras e cadeiras

Deu polícia hoje, de novo, na escola. Dessa vez, não por minha causa. Parece que alguns alunos arremessaram pedras e cadeiras... e eu sei quem foi.

Estava a tentar recuperar as notas dos alunos do 6º E, e, por algum milagre de Deus, a turma estava em ordem e em paz, muito atenta às minhas instruções. Os recuperandos correndo atrás do prejuízo. As garotas, a quem protegi para me salvar, muito felizes por terem alcançado notas acima da média.

Nenhuma felicidade dura muito em uma escola de periferia. O caos é sempre o senhor absoluto do pedaço. Então, quando achei que estava dominando o meu quadrado, dois "elementozinhos", do lado de fora, começaram a arremessar pedras e latas amassadas de refrigerantes pela janela do corredor. Os alunos de dentro reclamaram, com toda razão. Abri a porta e peguei os dois no "flagra":

"Por acaso, vocês estão doidos?"

Eles fugiram. Era quase recreio. "Depois faço a ocorrência", pensei.

Após o recreio, dei uma aula no 6ºA e fui para o meu calvário, o 6º D. Mas a polícia já tinha chegado e colocado todos os arremessadores de cadeiras e pedras en el paredón. Obviamente, não consegui dar a última aula  porque os basculantes da sala viraram camarotes para a blitz que acontecia no pátio interno bem embaixo da janela. O 6º D foi liberado e desci para a sala para onde os indisciplinados tinham sido transferidos.

Se o governo tivesse um programa em que professores, polícia, assistentes sociais e psicólogos pudessem detectar o garoto com comportamento de risco social,  e atuar para tentar salvá-lo, seria muito bom. A família do menino tem que ser chamada à responsabilidade, tem que ser investigada. Precisamos saber o que acontece com esse menino dentro de casa, quem são seus pais, e se podemos contar ou não com eles. Nossa obrigação como adultos é a de proteger esse menino da sua própria maldade e da maldade do mundo.

Mas o Brasil é o país da impunidade. Impunidade que começa na escola, onde aluno pode mais que professor.

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