terça-feira, 27 de março de 2012

Quando o pau quebra (3)

Hoje o pau quebrou. De novo.

R. passa mais tempo fora da sala perambulando pela escola do que qualquer outra coisa. Lembro-me dele no primeiro dia de aula e só. Nunca mais apareceu. Hoje, não sei porque, resolveu nos dar o ar de sua graça. Entrou na sala no último horário.

Os alunos estavam a colorir uns desenhos de dinossauros muito legais como prêmio por já terem realizado uma atividade escrita sobre o assunto. Para fazer com que os preguiçosos recalcitrantes  realizassem o estudo dirigido, prometi o desenho com a condição de que escrevessem algumas linhas, pelo menos.

Pois muito bem: R. entrou e já queria ganhar o desenho. Disse-lhe quais eram as regras e entreguei-lhe o texto para que respondesse as questões. Depois lhe daria o desenho. Sei que R. é problemático. Poderia ter lhe dado o desenho, mas não seria justo com os outros que se esforçavam para fazer o exercício.

Então, naquela confusão de dar visto nos cadernos, atender aos alunos, chamar a atenção de uns e outros, não dei muita atenção quando uma aluna reclamou que R. estava importunando-a. Parte da turma estava agitada e eu precisava dar os vistos nos cadernos. Foi o meu erro.

R. avançou sobre essa menina e começou a esmurrar seu rosto com socos furiosos. Geralmente, quando tem um arranca-rabo na classe, antes de virar briga séria, entro no meio e separo. Uns alunos até me ajudam. E quase sempre consigo apagar o fogo antes do incêndio. Mas desta vez, caro colega, desta vez tive medo. O menino socava a menina com tanta força, com tanta raiva... Corri pra porta e pedi ajuda ao "disciplinário" e a quem mais estivesse ali por perto.

A boca da menina ficou ensanguentada. Aconselhei-a a procurar a polícia, junto com seus pais. R. foi retirado da sala e não o vi mais. Fiz a ocorrência escolar e voltei para casa. Completamente arrasada.



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