quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Com que roupa eu vou?

Leio no jornal a notícia da professora boazuda que ia toda decotada lecionar para adolescentes. Os pais reclamaram. A diretora chamou a professora no canto. Esperta, a professora não se fez de rogada: convocou a mídia e armou o circo. Alegando discriminação, ameaça processar a escola (ou seja, o Estado) e já cogita a possibilidade de trabalhar como modelo e posar para fotos sensuais. Doces delírios da fama momentânea!

Morro de rir! Essa notícia fez-me recordar de outra professora que lecionava Filosofia em uma escola onde já trabalhei. Era bonita, alta e tinha um corpo cheio de curvas. Naturalmente tinha consciência disso e usava roupas bem justas para valorizar ainda mais as suas belas formas.

Uma vez, na sala dos professores, aparentando uma mistura de pudor e orgulho, comentou com os colegas a fala de um aluno que no auge dos seus dezessete anos se dirigiu a ela dessa forma: "Assim você mata nós, professora!"

Algum tempo depois, qual não foi a minha surpresa ao ouvir da boca da mesma professora, durante um conselho de classe, uma crítica indignada a respeito das roupas das alunas? "Essas meninas estão vindo pra escola quase nuas", disse ela. Só porque as alunas gostavam de usar, da mesma forma que ela, roupas justas (calças jeans, ou leggings e camisetas decotadas). Senti raiva da atitude hipócrita da minha colega. Num tom  de indignação e ironia, virei-me para ela e disse: "E daí?" Um pouco assustada com a minha reação, ela se calou. Não soube responder. Francamente, em uma escola com problemas seríssimos de drogas, violência, evasão e analfabetismo funcional, existem assuntos mais importantes para serem discutidos em um conselho de classe do que a roupa das alunas.

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