Diz o ditado que "pra tudo na vida há sempre uma primeira vez". A pior estréia para um professor é, sem dúvida, ter de ir à delegacia dar queixa de um aluno que o ameaçou de morte.
Infelizmente passei por isso e ainda estou meio passada, de ressaca, repensando algumas certezas.
Se fosse simples questão de escolha, a delegacia seria a última das opções. No entanto, levei o caso até o fim. O garoto dormiu no alojamento da polícia "sob a tutela do estado".
No dia seguinte, fui à escola normalmente. Normalmente, entrei na sala. E, normalmente, os coleguinhas do "elemento" queriam que o circo pegasse fogo, de novo. "Olha ele lá, professora!" "Ele veio, professora!"
Encerrei o assunto, "na lata":
"É, eu sei. Fiquei com ele até às nove horas da noite de ontem. Já me encontrei e conversei com a mãe dele também. Não vamos mais falar sobre isso, está bem?"
Resumo da ópera: o "peste" continua infernizando minhas aulas. Tento fingir que ele não me incomoda. Deixo o pau quebrar pra lá. Preocupo-me apenas com aqueles que querem realmente aprender.
Não sou Deus, não sou Jesus pra tocar o ombro desse menino e exorcizar os demônios que o atormentam. Não sinto culpa nenhuma. Sou ótima professora. O governo é que não presta e não faz o que deveria para garantir a qualidade na educação pública.
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