sábado, 13 de abril de 2013

Como levantar a autoestima dos professores?

Desde mocinha, sempre frequentei salões de beleza. Adoro. Acho uma terapia. Levanta a autoestima e o visual.

Não sou tão assídua quanto gostaria por razões óbvias de falta de dinheiro. E também não tenho paciência pra testar todas as novidades para os cabelos, nem toda a cartela de cores de esmaltes. Vou mais por necessidade que por futilidade. Sim, ir ao salão de beleza é um item de primeira necessidade para as mulheres, em geral.

Detesto salões impessoais, desses que têm alta rotatividade de clientes e funcionários. Preciso que role uma empatia, uma amizade com a cabelereira e com a manicure, porque o bom de se ir ao salão de beleza não é sair de lá apenas linda e maravilhosa, mas também com alguns conselhos valiosos na necessaire: dicas de moda, dicas de beleza, dicas de produtos, dicas sobre os homens, dicas sobre como educar melhor os filhos, etc. A literatura das revistas femininas é debatida em alto nível durante uma sessão no cabelereiro. 

 T. é uma cabelereira muito bonita, elegante e ótima profissional. Ela aguenta minhas lamúrias do magistério com a maior paciência. Outro dia fui pintar as madeixas. O papo foi caminhando, caminhando, caminhando, e lá estava eu a reclamar dos alunos insuportáveis:

"Passei um exercício no quadro e pedi aos alunos para procurarem as respostas no texto. O menino passou perto de mim e sussurrou 'procurar é na bu... da professora'. Que ódio! Aí eu coloquei a minha mesa na porta pra evitar o entra e sai de alunos, porque na sala de aula não tem porta. Foi arrancada pelos vândalos. Ele ficou do lado de fora. Falei pra ele entrar. Aí ele falou, baixinho: 'só tem professora vagabunda nessa escola'. O que eu faço com esse menino?"

"Quantos anos?", perguntou T.

"Quatorze, quinze", respondi.

O conselho da cabeleireira foi poderoso:

"Esse menino está querendo se afirmar. Adolescente querendo se afirmar como homem é assim mesmo. Fala essas bobagens pra chamar atenção. Menino é assim. É o jeito que ele achou. Você, como professora, está com a faca e o queijo na mão. Chama esse menino, conversa com ele, mostra pra ele. O poder está com você. Esse menino, coitado, nem sabe o que está fazendo. Está nas suas mãos mostrar pra ele como as coisas são, o que é certo, o que é errado".

Sai do salão com a autoestima no céu.

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