O dia do professor passou e nem tive ânimo de comemorá-lo. Francamente, não tenho o que celebrar. Salário baixo; ausência completa de uma carreira para o magistério; alunos difíceis; péssimas condições físicas e estruturais da escola; um governo que não está nem aí para uma educação verdadeiramente pública, gratuita e de qualidade. Dá pra deprimir fácil.
O que segura essa barra são aqueles momentos raros, quando percebo nos olhos e nos sorrisos dos meninos mais uma janelinha, mesmo que minúscula, se abrindo dentro das suas cabecinhas. De alguma forma, apesar do caos medonho da sala de aula, algum acréscimo sobre a compreensão do mundo e da condição humana aconteceu. Isso segura a onda da ignorância que insiste em nos afogar.
Desistir? Minha tia, ex-professora e ex-diretora de escola pública, alertou-me desde o início:
"É uma cachaça."
E lá vou eu, bêbada de idealismos, tentar ensinar para os que querem e para os que não querem aprender, alguma coisa.
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