quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Volta às aulas

Começou. A sala continua sem porta. Continuo sem domínio dos sextos anos D e E. Ansiedades me assaltam.

Para compensar, os sextos anos A, B e C são um alento. Ontem mesmo deixei o 6ºC de castigo só pra lembrá-los de que existem combinados que precisam ser respeitados. Com as férias, eles se esqueceram desse pequeno detalhe. São uns fofos. Sou a madrinha da turma. Turma fraca, lenta, mas leve, com bom humor e interessada. Alguns alunos são completamente analfabetos. Confesso que não sei o que fazer por eles. A. C, por exemplo, não soube ler a palavra PEDRA. Fiquei chocada. A menina tem 12 anos e não sabe ler encontros consonantais. Um absurdo. É o que a especialista do Ensino Médio questiona e com toda razão:

"Como é que uma criança passa anos na escola e sai sem aprender a ler e escrever? Não consigo entender isso."

Eu também não consigo aceitar a ideia comum de que existem alunos que não aprendem. Talvez seja mais fácil dizer que eles são incapazes de aprender do que assumir a ineficiência de uma estrutura de ensino excludente e injusta. Turmas lotadas, falta de tempo para um bom planejamento porque o professor trabalha três turnos pra não passar fome, ausência de um programa de assistência social que dê conta dos filhos das famílas desestruturadas. Enfim, são tantos os problemas da (des) educação brasileira.

Ansiedades me assaltam. Não consigo ver luz no fim do túnel. O psiquiatra pergunta:

"Você tem alguma saída para essa situação? Você tem um plano B?"

"Eu escrevo, doutor. Escrevo pra não enlouquecer."

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