domingo, 12 de agosto de 2012

Dia dos Pais na escola pública

Eu sei que tudo é uma baboseira da sociedade de consumo e que o comércio é o grande responsável por todas essas datas comemorativas. Dia da secretária, dia do advogado, dia do atleta, dia do músico, dia do médico, dia do engenheiro. Há dias para todas as categorias profissionais. No entanto, pai e mãe são sagrados e comemoramos de bom grado, mimando do jeito que damos conta, cada um à sua maneira, os nossos genitores queridos.

Neste dia dos pais, porém, penso nos meus alunos que mal conhecem o pai. Ou naqueles que nem sabem quem é o pai. Penso também naqueles que sabem quem é o pai biológico, onde mora, o que faz, mas nunca foram assumidos ou acarinhados como filhos. Abandonados e ignorados, muitos deles são.

Nós, caro colega, professores de escolas públicas, conhecemos bem o script da tragédia brasileira da falta de reconhecimento de paternidade. É uma questão cultural. Machista. Difícil de resolver. A criança cresce sem pai, sob a guarda de uma mãe sobrecarregada. Isso se reflete na escola. O professor vê quando a criança é largada, negligenciada. Ou quando o adolescente se revolta porque seu pai não assume sua função. Ou porque a mãe tem cinco filhos, cada um de um pai diferente, e nenhum dos pais ajuda a mãe.

E o menino, para descontar a sua dor, quebra o pau na escola.

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